Existe remédio para autismo? Entenda tudo a respeito!

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é provavelmente uma das condições de saúde que mais geram dúvidas e incertezas na população em geral atualmente. Por isso, quando pais e familiares recebem o diagnóstico de autismo para seus filhos, muitos deles nem sequer compreendem o que ter um filho no espectro significa. 

Devido às características singulares que o autismo pode manifestar em cada paciente, o entendimento sobre o transtorno também pode ser único para cada caso. Assim como o tratamento e a medicação que cada indivíduo vai receber também são. 

Nesse sentido, uma das dúvidas mais comuns sobre o autismo está relacionada aos medicamentos: existe algum fármaco específico para tratar o transtorno? Os remédios recomendados são necessários ou não? Eles fazem algum efeito isoladamente, sem as terapias?

Podemos responder de forma direta apenas à primeira pergunta com um ‘não’: não existe.

Neste artigo iremos explicar o porquê e também responder as principais dúvidas sobre medicação e o Transtorno do Espectro Autista, acompanhe a leitura.

Qual a medicação usada por pessoas que têm autismo?

O autismo é um transtorno que não possui cura, nem uma medicação padrão para tratá-lo – mas possui outras formas de tratamento. 

A medicação usada por pessoas com TEA é focada no tratamento das comorbidades associadas ao diagnóstico, que dependem de cada caso. 

De acordo com a Organização Não Governamental ‘Autismo e Realidade’, cerca de 70% dos autistas lidam com ao menos uma comorbidade, sendo que 48% deles podem apresentar mais de uma. 

As comorbidades mais frequentes associadas ao autismo são: 

  • Psiquiátricas e cognitivas, tais como TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), ansiedade, TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), TOD (Transtorno Opositivo Desafiador) e depressão; 
  • Médicas, tais como distúrbios do sono, epilepsia e desregulação/anormalidades gastrointestinais.

Sendo assim, a medicação é recomendada de acordo e especificamente para tratar a comorbidade apresentada por aquele paciente.

Então, qual o tratamento para autismo?

A terapia comportamental é a base dos cuidados do autismo. Nenhum medicamento é capaz de contornar sozinho os efeitos acarretados pelo espectro em uma pessoa, pois não é possível desenvolver habilidades sociais, comunicacionais e cognitivas à base de remédios.

Como vimos anteriormente, os medicamentos são auxiliares no cuidado dos sintomas coexistentes ao transtorno, ajudando no progresso terapêutico. Mas, o tratamento em si, é basicamente a estimulação e adaptação comportamental, por meio de acompanhamento multidisciplinar.

O acompanhamento terapêutico para o autista é feito por profissionais de diversas áreas, como psicologia, fonoaudiologia, fisioterapia, nutrição e terapia ocupacional. Esse time irá fornecer condições para que a criança no espectro supere limitações e adquira novas habilidades fundamentais para sua autonomia e qualidade de vida.

Entre as muitas opções de terapias, esses profissionais podem adaptar dietas favoráveis (em meio a seletividade alimentar); trabalhar o desenvolvimento do paciente através de exercícios físicos, exercícios de socialização, jogos e outras atividades; ajudar no entendimento do mundo ao redor através de terapias sensoriais, organização visual, desenvolvimento de sistemas de comunicação, além de diversos outros recursos valiosos para a pessoa dentro do espectro.

Sobre a Risperidona

Apesar de não haver uma medicação padrão para o autismo, um fármaco é frequentemente citado no tratamento de TEA, a Risperidona. 

Com nome comercial de Risperdal®, este medicamento faz parte da segunda geração da classe dos antipsicóticos e a sua principal função é manter o equilíbrio da dopamina e serotonina no cérebro do paciente. 

Conforme os estudos mais recentes, a substância mostra bons resultados com quadros de agressão a outras pessoas, auto-agressão, crises de raiva e angústia, além de mudanças rápidas de humor. 

No contexto do autismo, é comum encontrar profissionais que indicam Risperidona como forma de reduzir a ocorrência de comportamentos desafiadores, especialmente a agressão e a autoagressão em crianças e adolescentes.

Felizmente, a Risperidona é incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) com indicação para autismo, e as famílias que possuem prescrição para o medicamento podem fazer a solicitação para sua obtenção gratuita ao órgão público.

Acompanhamento multidisciplinar para TEA pelo plano de saúde 

Outra incerteza muito comum que surge junto com o diagnóstico de autismo é sobre os custos do tratamento e se ele é bancado pelo plano de saúde. Afinal, realizar um acompanhamento multidisciplinar com diversos profissionais pode ser um empecilho financeiro para a maioria das famílias brasileiras.

O problema é que apesar de serem obrigados, muitas vezes os planos se recusam ou dificultam a obtenção de consultas e exames recorrentes aos pacientes autistas, pela quantidade que se fazem necessários. 

As operadoras acabam limitando o número de sessões, indicam clínicas distantes da residência do paciente, as clínicas por sua vez passam a exigir que o paciente apresente guias de autorização que são negadas… Tudo para dificultar ou impedir que o tratamento seja custeado por eles.

Essa prática é considerada abusiva, pois desde 2022 a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou a Resolução Normativa 539, eliminando qualquer ambiguidade em relação à responsabilidade dos planos de saúde em cobrir os tratamentos necessários e sem limitações para pacientes autistas, de acordo com a prescrição médica individual.

Ou seja, qualquer método ou técnica indicado pelo médico para o tratamento da pessoa com TEA deverá ser coberta pelo plano de saúde, com uso ilimitado de terapias de psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e fisioterapia.

Em caso de negativas, limitações ou dificuldades impostas, os responsáveis têm todo o direito de buscar por seus direitos na Justiça, preferencialmente com a ajuda de um advogado especialista em ações contra abusivos cometidos por planos de saúde.