Como funciona a quimioterapia? Saiba tudo a respeito!

A quimioterapia é uma modalidade de tratamento contra o câncer em que um conjunto de medicamentos é aplicado no corpo do paciente para impedir que as células cancerosas se reproduzam.

No entanto, como os medicamentos não atuam exclusivamente sobre as células doentes, esse tipo de tratamento, historicamente, causa efeitos colaterais, pois os medicamentos também afetam células saudáveis do corpo.

Mesmo assim, a quimioterapia é uma dos mais importantes tipos de tratamento contra o câncer conhecidos, e seu conceito tem sido aperfeiçoado com evoluções científicas, como as terapia-alvo, cujos efeitos colaterais em células saudáveis são menos intensos.

Com todos esses benefícios, os planos de saúde são obrigados a cobrir a quimioterapia no tratamento do câncer? E no SUS, como funciona?

Neste artigo, você vai entender todas essas questões em detalhes.

O que é o câncer?

Para falar de quimioterapia, é importante conhecer o que é o câncer. Na verdade, o termo câncer é uma referência genérica para um amplo espectro de doenças, mas que se caracteriza pela reprodução descontrolada de células defeituosas de determinado sistema do corpo humano.

Essas células, que não funcionam direito, se multiplicam, dificultando o funcionamento de um órgão ou sistema do organismo. Por muitos séculos, o câncer foi considerado uma doença incurável, mas, nas últimas décadas, avanços tecnológicos, entre os quais a quimioterapia, permitiram que muitos tipos de neoplasias pudessem entrar em remissão.

Como surgiu a quimioterapia?

A descoberta da quimioterapia como técnica para o controle do câncer remonta à década de 40, na Segunda Guerra Mundial, quando o exército alemão usou uma arma química, o gás mostarda, contra os soldados ingleses. A exposição a esse gás causava queimaduras na pele, nos olhos e podia até mesmo levar à morte.

Durante a realização da necropsia nos corpos das pessoas vítimas desse tipo de ataque, os médicos forenses perceberam que as vítimas tinham uma baixa contagem de células da medula óssea, que têm como característica se reproduzirem rapidamente.

Isso levou os médicos a levantarem a hipótese de que substâncias desse gás também pudessem ajudar a controlar o câncer, uma vez que as células cancerosas, por conta de falhas genéticas, têm como característica um crescimento rápido e desordenado.

Por que a quimioterapia tem efeitos colaterais?

Apesar das taxas de sucesso no tratamento de diversos cânceres, a quimioterapia ainda causa efeitos colaterais, como queda do cabelo, feridas na boca e em outras mucosas, baixa na contagem de plaquetas e outras células sanguíneas, problemas intestinais, entre outros.

Isso ocorre porque as drogas da quimioterapia são projetadas para destruir células que se reproduzem rapidamente, como as células cancerosas. No entanto, os medicamentos utilizados não conseguem distinguir as células tumorais das células saudáveis, afetando todas as células que têm como característica a rápida reprodução, indiscriminadamente,

Os planos de saúde são obrigados a cobrir a quimioterapia?

Sim, desde que os medicamentos prescritos pelo médico tenham registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os planos de saúde são obrigados a cobrir esse tipo de tratamento, mesmo que os medicamentos possam ser ingeridos por via oral e em domicílio.

Além disso, o tratamento oncológico, normalmente, também exige uma série de exames e alguns procedimentos. O plano de saúde também deve cobrir essas solicitações e os pacientes devem ficar atentos a qualquer negativa de tratamento ou dificuldade na realização de acompanhamentos.

Pode acontecer de o plano se negar a realizar alguns exames, alegando ausência no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

No entanto, o Supremo Tribunal Federal já deliberou, em 2022, que o rol da ANS é exemplificativo, ou seja, os procedimentos listados são exemplos, mas não limitam a realização de outros, até em função dos avanços tecnológicos que frequentemente surgem.

Portanto, se um medicamento ou procedimento não consta no rol da ANS, isso não é um fator decisivo para negativa do plano em realizá-lo.

O SUS oferece quimioterapia?

Sim, todos os cidadãos brasileiros têm garantido o direito à quimioterapia através do SUS. Inclusive, é importante conhecer a chamada Lei dos 60 dias (lei 12732), que determina que o paciente deve começar a receber o tratamento em um prazo máximo de 60 dias a partir da assinatura do laudo médico que reconhece a doença.

Pacientes oncológicos do SUS, de uma forma geral, são encaminhados a centros regionais especializados no tratamento do câncer de sua região ou estado.

O que fazer se o plano de saúde ou o SUS se recusarem a cobrir a quimioterapia?

Caso haja negativa do plano de saúde em realizar a quimioterapia, o primeiro passo que o paciente deve seguir é fazer contato com a seguradora de saúde na esfera administrativa, requerendo uma justificativa para a recusa.

A empresa tem a obrigatoriedade de apresentar uma declaração por escrito com o argumento para a não realização do tratamento.

Com esse documento em mãos, o paciente pode entrar com uma reclamação junto à ANS. Porém, pela urgência necessária para iniciar o tratamento, recomenda-se que o paciente considere também buscar auxílio jurídico com advogados especializados em direito à saúde.

Advogados especializados podem entrar com um pedido de liminar, uma decisão encaminhada de maneira urgente para a análise de um juiz, visto que a rapidez no começo do tratamento pode ser determinante para a saúde do beneficiário.

O que fazer se o SUS não oferecer quimioterapia?

O procedimento em caso de negativa ou dificuldade do SUS em oferecer o tratamento é parecido com o dos planos de saúde privados. O paciente tem diversas vias administrativas como procurar registrar as reclamações na ouvidoria da secretaria de saúde do seu município ou estado, além do Disque Saúde, pelo telefone 136, ou através do aplicativo Meu SUS.

No entanto, o prazo para resposta dessas reclamações pode se estender e, no tratamento contra o câncer, há uma relação direta entre o tempo e a probabilidade de cura. Quanto mais cedo se iniciar o tratamento, maiores as chances de recuperar a saúde.

Por isso, a via judicial, através de advogados especializados, também pode ser o meio mais rápido e seguro para garantir os seus direitos.

5 direitos dos pais de autistas. Conheça agora!

O Transtorno do Espectro Autista (TEA), conhecido simplesmente como autismo, é um transtorno neurológico que interfere no desenvolvimento de habilidades sociais, motoras, de comunicação e de interação social. Essa é uma condição que se manifesta comumente na infância e afeta mais os meninos do que as meninas.

Também é possível que pessoas do espectro autista apresentem padrões de comportamento repetitivo, interesse fixo em determinados assuntos (hiperfoco) e hiper ou hipo sensibilidade a estímulos sensoriais.

Existem diferentes graus de autismo, que normalmente é classificado entre o grau 1 – o mais leve – ao grau 3 – mais severo. Quanto maior a severidade, menor é a autonomia do paciente e maior o nível de suporte que ele necessita para realizar as tarefas cotidianas.

O diagnóstico, normalmente, pode ser alcançado quando a criança ter por volta de 3 anos. No casos mais severos, a criança pode ter déficits graves de comunicação e interação social e não conseguir se comunicar verbalmente, necessitando de um mediador.

Quais são os sinais do autismo?

O sinais do autismo variam e o diagnóstico apenas pode ser dado a partir do acompanhamento médico. No entanto, algumas manifestações podem ser sugestivas da existência do transtorno.

Na interação social, podem ser indicativos comportamentos como não manter contato visual, dificuldade de fazer amigos e isolamento.

Na comunicação verbal, comportamentos que podem sinalizar o TEA são preferir se comunicar por gestos ao invés de palavras, atraso no desenvolvimento da linguagem e repetições de palavras ou frases.

O comportamento da criança também pode ser sugestivo. Acessos de raiva e agressividade, hiperfoco e repetição de movimentos corporais são alguns elementos que podem sugerir o desenvolvimento de algum grau do espectro autista na criança.

Como é feito o diagnóstico do autismo?

O diagnóstico é feito a partir da avaliação médica, na qual o profissional procura por sinais da doença, como atraso na linguagem, entre outros.

O Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais, publicação da Associação Americana de Psiquiatria, define como autista o paciente que apresenta, ao menos, 6 dos sintomas clássicos.

O autismo tem cura?

Não, o autismo é uma condição que não tem cura, mas, com o tratamento adequado com terapias específicas, pode oferecer ao paciente a oportunidade de melhorar seu desenvolvimento, reduzindo a intensidade dos sintomas.

O paciente é estimulado a evoluir em habilidades sociais, de fala e de comunicação. Medicações também podem ser utilizadas no tratamento, que pode contar ainda com a participação de fonoaudiólogos, fisioterapeutas e outros profissionais.

Por conta disso, cuidar de uma criança com autismo pode ser desafiador para os pais, uma vez que os cuidados exigem disponibilidade de tempo e de atenção. O acompanhamento psicológico para as famílias de pessoas autistas é fundamental para ajudar a organizar as emoções.

Quais são os direitos dos pais de autistas?

Além da ajuda psicológica, no Brasil, uma série de legislações e normas também garantem direitos aos autistas e aos seus cuidadores. Para fins legais, a pessoa autista é compreendida como uma pessoa com deficiência.

É importante que os pais e cuidadores de autistas conheçam seus direitos, para que consigam dar mais qualidade de vida ao paciente e a si mesmos. Por isso, apresentamos 5 direitos que os pais de autistas têm e podem não saber.

1) Cobertura do plano de saúde

O tratamento de pessoas autistas pelos planos de saúde é um direito garantido por lei e os convênios não podem se negar a oferecê-lo. As operadoras de saúde devem oferecer ampla cobertura para o tratamento e terapias interdisciplinares associadas.

Esses atendimentos estão previstos no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Caso o plano de saúde não ofereça suporte para um tratamento prescrito pelo médico, como a musicoterapia, o cliente pode solicitar à operadora o reembolso de todas as despesas obtidas contratando o serviço de forma particular.

Caso o plano de saúde se recuse a oferecer algum tratamento ao autista, os responsáveis devem procurar um escritório de advocacia especializado em direito à saúde, para o ingresso de ação judicial.

2) Isenção de imposto na compra de carro

Pessoas com deficiência física, visual, auditiva ou mental severa ou profunda – onde podem se enquadrar indivíduos do espectro autista – têm direito à isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Portanto, pais e mães que tenham pessoas autistas como dependentes podem gozar desse direito, limitado à compra de um único veículo automotor pelo prazo de 3 anos.

3) Fundo de garantia para pais de autistas

Pais e mães de crianças autistas têm obtido, na Justiça, o direito de sacar valores do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para auxiliar nas despesas com o tratamento.

Em 2023, a 1ª Vara Federal de Guarapuava, no Paraná, determinou que a Caixa Econômica Federal liberasse o saque do FGTS para o pai de uma criança autista de 3 anos. A juíza Marta Ribeiro Pacheco afirma que “atendendo aos fins sociais da legislação a norma deve ser interpretada de modo a contemplar não exclusivamente a inclusão da hipótese que contempla a deficiência física, mas também a deficiência mental, intelectual ou sensorial”.

Para ter acesso a esse benefício, os pais também devem procurar advogados especializados em direito à saúde, para a correta orientação e efetivação das medidas necessárias.

4) Redução da carga de trabalho

Servidores públicos que são pais de crianças autistas têm assegurado o direito à redução de até 50% na carga horária de trabalho, sem prejuízo à sua remuneração. Para os servidores públicos federais, esse direito é garantido pelas leis 8112/90 e 13370/16.

Para os servidores das esferas estaduais e municipais, a lei 8112 pode ser usada como referência para solicitação do benefício. Caso o servidor não consiga a efetivação do seu direito através da via administrativa, pode ingressar com ação judicial pleiteando a redução de carga horária.

5) Preferência nas filas

Pessoas com autismo são consideradas pessoas com deficiência, portanto, têm direito a utilizar filas preferenciais.

Da mesma forma, os acompanhantes dos autistas, como os pais e demais responsáveis, também podem requerer preferência em filas e atendimentos.

O mesmo se aplica a vagas para estacionamento. Para ter acesso a esse direitos, os pais de autistas devem obter a credencial de estacionamento para pessoas com deficiência, junto à prefeitura do município em que residem, e deixá-la em local visível ao estacionar o carro.

Conhecendo todos esses direitos, os pais e as mães de autistas podem proporcionar e obter mais qualidade de vida.

Glivec pelo SUS: uma alternativa eficaz no tratamento do câncer

Em uma rápida pesquisa na internet sobre o medicamento Glivec é possível se dar conta da importância de sua distribuição pelo Sistema Único de Saúde (SUS): o valor de uma caixa com 30 comprimidos pode, facilmente, ultrapassar os mil reais.

Felizmente, no Brasil, todos os cidadãos, desde que com indicação médica, têm o direito de retirar o remédio gratuitamente pelo SUS, garantindo assim, o direito de todos os brasileiros ao acesso a tratamentos de saúde.

Isso acontece porque, desde 2012, o Ministério da Saúde iniciou a fabricação nacional do medicamento, o que significou uma economia de R$ 337 milhões, em cinco anos, na comparação com o medicamento comprado de um laboratório estrangeiro.

Mas você sabia que o Glivec – cujo princípio ativo é o mesilato de imatinibe – representou uma revolução no tratamento da leucemia em todo o mundo? E que esse medicamento é considerado um marco nas terapias-alvo?

Neste artigo, vamos saber mais a fundo como funciona e a importância desse medicamento.

O que é uma terapia-alvo no tratamento do câncer?

Para começar, precisamos entender as nomenclaturas utilizadas no meio oncológico. Uma terapia-alvo é qualquer processo de tratamento de uma doença que procura um alvo específico no organismo humano.

Vamos dar como exemplo a quimioterapia no tratamento do câncer. Quando as primeiras substâncias quimioterápicas surgiram, elas destruiam as células cancerosas, mas também afetavam as células saudáveis da pele, do couro cabeludo, do intestino e de outros sistemas.

Isso levava os pacientes a severos efeitos colaterais, como queda da imunidade, perda do cabelo, ressecamento da pele e de mucosas como a da boca, diarreias ou prisão de ventre, entre outros sintomas indesejáveis.

A terapia-alvo consiste justamente em realizar tratamentos com substâncias ou técnicas que atacam o alvo – as células doentes – mas preservam as células saudáveis. Esse se tornou um dos principais objetivos das pesquisas científicas de tratamento contra o câncer, pois promove maior qualidade de vida aos pacientes.

Como o Glivec atua?

O Glivec é indicado para o tratamento de pacientes com leucemia mieloide crônica (LMC) e leucemia linfoblástica aguda com cromossomo Philadélfia positivo (LLA Ph+). Segundo projeções do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil deve ter, em 2024, mais de 11 mil novos diagnósticos de leucemias.

O Glivec atua inibindo a presença de uma enzima que está relacionada ao desenvolvimento da mutação que caracteriza essas leucemias. O medicamento é eficaz porque é um inibidor seletivo, ou seja, elimina a enzima envolvida no processo de mutação das células, mas não interfere no funcionamento das demais.

Por isso, o Glivec é tido como um tratamento mais eficaz e com menos efeitos colaterais. Além disso, o uso do remédio também diminui a indicação do transplante de medula óssea, procedimento complexo e suscetível a complicações.

Como conseguir o Glivec pelo SUS?

Pacientes com LMC ou LLA Ph+ têm o direito de obter o Glivec através do SUS. Essa é a jurisprudência que tem sido observada em decisões de magistrados, uma vez que o medicamento tem o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Como o Glivec tem comprovada atuação no controle da doença e na redução dos efeitos colaterais – quando comparado a outros medicamentos – chega-se à conclusão de que essa substância oferece uma vantagem terapêutica que nenhum outro medicamento oferece com igual eficácia.

Vários hospitais de referência em tratamento de leucemias, em todo o país, fazem a distribuição do Glivec aos pacientes pelo SUS, desde que com a apresentação do laudo médico.

Por isso, o primeiro passo para conseguir o Glivec pelo SUS é se dirigir até a Unidade Básica de Saúde (UBS) ou Unidade de Saúde da Família (USF) do seu bairro ou da sua região e relatar os seus sintomas.

A partir daí, se julgar necessário, o médico vai fazer o encaminhamento para o serviço especializado em oncologia, onde outros exames vão afastar ou confirmar a existência da doença. Em caso de diagnóstico para LMC ou LLA Ph+, o paciente precisa do laudo médico atestando a doença e apontando o Glivec como opção terapêutica.

A partir daí, o paciente precisa se encaminhar a um centro de medicamentos de alto custo do seu estado ou região, em poder do seu documento de identidade, laudo médico e comprovante de residência. Ao fazer o pedido do medicamento, não deixe de anotar o número do protocolo de atendimento e o prazo para resposta sobre o medicamento.

Caso o Glivec seja negado, ou esteja em falta, recomendamos que o paciente busque um advogado ou escritório especializado em direito à saúde, que poderá entrar com medidas emergenciais para garantir o direito do cidadão ao tratamento.

O plano de saúde pode se negar a cobrir o Glivec?

Não, os planos de saúde devem fornecer o Glivec aos pacientes, por ser um medicamento essencial para o tratamento de leucemias como a LMC e a LLA PH+.

Mesmo que o medicamento não esteja no rol de procedimentos da ANS, ele possui registro na Anvisa, o que tem sido entendido pela jurisprudência como condição para a cobertura pelos planos de saúde, visto o direito de todo cidadão brasileiro ao tratamento de saúde.

Em caso de negativa do plano de saúde, também recomendamos a busca por um escritório de advocacia especializado em direito à saúde, que poderá orientar o paciente e dar encaminhamento às medidas legais.

Plano de saúde é obrigado a cobrir pet scan? Entenda agora!

O Pet Scan, também chamado de Pet-CT, é um dos mais importantes exames de imagens utilizados para o diagnóstico, estadiamento e acompanhamento do tratamento de pacientes oncológicos em todo o mundo.

Apesar disso, não é incomum observar operadoras de plano de saúde, no Brasil, se recusando a realizar esse procedimento nos pacientes. Hoje vamos entender porque isso acontece e quais os direitos dos beneficiários em situações como essa.

O que é o Pet Scan?

O Pet Scan é um exame de imagem que utiliza recursos de raio-x aliados à tecnologia digital para produzir imagens detalhadas do corpo do paciente. A sigla PET é o acrônimo, em inglês para Tomografia por Emissão de Pósitrons, o que, de uma forma geral, significa que o exame utiliza a radiação para a geração das imagens.

Esse é um procedimento não-invasivo e seguro, que oferece ao médico imagens muito detalhadas do interior do corpo humano. Dessa maneira, esse é um exame fundamental para o diagnóstico e o acompanhamento de tumores.

Para que o Pet Scan é indicado?

O Pet Scan é um exame indicado para confirmar ou afastar casos suspeitos de câncer, avaliação do estado do tumor e até mesmo para planejar com clareza sessões de radioterapia.

Nesse último caso ele é especialmente importante, pois o objetivo dos médicos é direcionar a radiação para o local exato onde estão as células cancerosas, reduzindo o risco de afetar células saudáveis.

Como o Pet Scan é feito?

Para a realização do exame, o paciente recebe, de forma intravenosa, uma substância que emite baixas doses de radiação ao entrar em contato com a glicose. Após um período de espera para que esse reagente faça efeito, o paciente entra no tomógrafo.

Como as células cancerosas consomem mais glicose do que as células saudáveis, essa reação é capturada pelo tomógrafo. Na imagem, locais com a coloração mais densa são sugestivos de possíveis tumores, revelando sua localização exata no organismo.

Os planos de saúde são obrigados a realizar o Pet Scan?

Sim, os planos de saúde devem realizar o Pet Scan, já que esse exame consta no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

A lei 9655/1998 regulamenta a atuação dos planos de saúde e determina que os exames complementares indispensáveis para o controle da evolução da doença e da elucidação diagnóstica são de cobertura obrigatória.

Reforça essa leitura o fato de que os planos devem cobrir o tratamento de toda doença registrada na Classificação Internacional de Doenças (CID).

Por que os planos se recusam a cobrir o Pet Scan?

Mesmo com esses argumentos, os planos de saúde, comumente, se negam a cobrir a realização do Pet Scan. Isso acontece porque, entre outros motivos, a ANS estabelece a obrigatoriedade da realização do exame apenas para tipos específicos de câncer ou para quando são atendidas as chamadas Diretrizes de Utilização (DUT).

No entanto, mesmo que os pacientes não se enquadrem nos termos exatos previstos pela ANS, os tribunais têm entendido que os planos de saúde não têm o direito de se recusar a cobrir o Pet Scan.

Por que os planos devem realizar o Pet Scan?

O entendimento jurídico a respeito desse tema é de que o estabelecido pelo lei 9655/98 determina que é dever dos convênios ofertar todos os procedimentos e exames necessários para o diagnóstico preciso dos pacientes, assim como o tratamento médico. Por isso, a negativa na realização do Pet Scan é uma prática considerada abusiva.

O que fazer se o plano de saúde se recusar a cobrir o Pet Scan?

A primeira coisa a se fazer caso o plano de saúde ofereça uma negativa à realização do Pet Scan é solicitar o registro por escrito. O paciente também deve pedir ao médico um laudo que dê um panorama clínico do seu caso e que ofereça a explicação sobre a necessidade de realização do exame e da sua relevância.

Com esses documentos em mãos, o paciente deve procurar um escritório de advocacia especializado em direito à saúde. Entre as estratégias possíveis, esse profissional pode entrar com um pedido de liminar.

O pedido de liminar é um elemento urgente direcionamento a um juíz, quando o requerente não pode esperar o tempo comum de um processo para ter acesso a um direito. Como, no caso de tratamentos oncológicos, o fator tempo é fundamental para o sucesso, a liminar é um recurso apropriado para resguardar a vida do paciente e evitar um prejuízo irrecuperável.

Uma decisão liminar costuma ser avaliada por um juiz em até 48 horas, mas é comum que seja emitido um parecer no mesmo dia, sobretudo em questões que envolvem a saúde de um cidadão.

Posso pedir ressarcimento ao plano de saúde?

Existem casos em que o paciente, com receio de prejudicar seu tratamento, paga pela realização do Pet Scan de forma independente. Nesses casos, ele pode, sim, solicitar o ressarcimento ao plano de saúde.

Para isso, é importante guardar todos os documentos relacionados à realização do pagamento do exame, como a nota fiscal, e realizar o pedido de ressarcimento junto à operadora. Em caso de negativa, o paciente também deve buscar advogados especializados em direito à saúde.

Como conseguir o melhor tratamento para a esclerose gratuitamente

A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurológica autoimune e de caráter progressivo, ou seja, se não tratada, provoca sintomas mais severos ao longo do tempo. Essa enfermidade se caracteriza por processos inflamatórios e degenerativos que prejudicam a comunicação entre os neurônios. 

A doença não tem cura, mas o tratamento pode ajudar a controlar os sintomas.

O Sistema Único de Saúde (SUS), oferece tratamento gratuito para a esclerose múltipla. Neste artigo, vamos entender como esse tratamento funciona.

Como a esclerose múltipla se desenvolve?

Os neurônios são células do sistema nervoso responsáveis pela condução de impulsos nervosos em nosso organismo. Quando um neurônio se comunica com outro, temos um fenômeno chamado sinapse. São as sinapses as responsáveis pela condução das informações do cérebro para as demais partes do corpo humano.

Por exemplo, quando estamos sentados e precisamos nos levantar, o cérebro envia o comando para que os músculos das nossas pernas e abdômen se contraiam. Quando precisamos caminhar, o mesmo acontece. Tudo isso em uma fração de segundos, graças aos neurônios e às sinapses que acontecem entre eles.

Para que as sinapses ocorram, os neurônios são recobertos por uma estrutura chamada bainha de mielina. Ela funciona como um isolante elétrico, permitindo que as sinapses ocorram de forma otimizada. A esclerose múltipla se caracteriza justamente pela falta de mielina entre os neurônios, comprometendo o envio dos comandos do cérebro para o restante do corpo.

Quais são as causas da esclerose múltipla?

Hoje em dia, acredita-se que a esclerose múltipla é causada por uma conjunção de fatores. No campo da imunidade, sabe-se que as células de defesa podem entender o sistema nervoso como um inimigo, e começar a atacar a bainha de mielina, desencadeando a doença.

Fatores genéticos também interferem na predisposição do indivíduo para manifestar essa patologia. Infecções por alguns microrganismos, como o vírus Epstein-Barr podem estar associadas ao desenvolvimento da esclerose múltipla, assim como a obesidade, o tabagismo e a falta de vitamina D no corpo.

Quais são os sintomas?

Por conta da dificuldade de transmissão dos impulsos nervosos, a esclerose múltipla frequentemente causa sintomas como fraqueza de membros, desequilíbrio ao andar, dormência, formigamentos, incontinência urinária, vertigem e problemas na visão.

Em um primeiro momento, a esclerose múltipla é caracterizada como uma doença que acontece em surtos, ou seja, o paciente tem uma crise aguda, com piora do seu quadro neurológico, seguido de uma melhora. Em cerca de 10 anos, no entanto, esse quadro passa a ser progressivo, ou seja, os pacientes não mais se recuperam totalmente dos surtos.

Existe tratamento para esclerose múltipla no SUS?

O tratamento para a esclerose múltipla depende decisivamente do estadiamento da doença do paciente. Durante o período de crises agudas, normalmente, é feito o uso de corticoides, com aplicação intravenosa. Esses medicamentos ajudam a reduzir a inflamação.

O foco do tratamento é sempre impedir que a doença progrida e afete um número maior de neurônios. Como a esclerose múltipla tem uma dimensão autoimune, ou seja, quando o próprio sistema imunológico ataca os neurônios, uma classe de remédios chamada imunomoduladores costuma ser usada para impedir ou retardar a progressão da doença.

O Ministério da Saúde determinou, nos últimos anos, a inclusão de medicamentos desse tipo no SUS, como o natalizumabe e a cladribina oral.

Além do tratamento medicamentoso, a esclerose múltipla requer abordagem multiprofissional. Como a doença afeta diversas áreas do corpo, o tratamento também pode exigir fisioterapia e cuidados de um nutricionista, uma vez que uma dieta balanceada pode ajudar no dia-a-dia do paciente.

Como conseguir os medicamentos para esclerose múltipla pelo SUS?

Para conseguir ter acesso aos remédios para esclerose múltipla pelo SUS, o primeiro passo é ter o diagnóstico da doença. Para isso, normalmente, o paciente passa por uma consulta com o médico da Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima e também com um especialista, como um neurologista, que, através de exames, vai afastar ou confirmar a doença.

Com o laudo do diagnóstico de esclerose múltipla em mãos, o paciente, deve se encaminhar à farmácia de medicamentos de alto custo de seu estado, com seu documento de identidade, comprovante de residência e exames realizados. Ao dar entrada no pedido do medicamento, é importante anotar o número do protocolo e se informar sobre prazo para resposta.

Nos casos de negativa ou de falta do medicamento, o paciente deve buscar advogados especializados em direito à saúde, para dar entrada em medidas legais para garantir o cumprimento do direito de obtenção do adequado tratamento de saúde.

O plano de saúde deve cobrir o tratamento da esclerose múltipla?

De uma forma geral, a Justiça entende que os planos de saúde não podem se recusar a cobrir o tratamento para a esclerose múltipla. Os convênios que se negam a cobrir o tratamento dessa doença são considerados abusivos na relação com os consumidores.

Por isso, orientamos que os pacientes procurem advogados e escritórios especializados em direito à saúde nesses casos. Para isso, recomendamos que o paciente peça um relatório detalhado sobre sua condição de saúde ao médico que cuida do caso, indicando o tratamento necessário.

O paciente também deve pedir registros por escrito, ao plano de saúde, sobre e negativa de tratamento, e anexar aos documentos. Com a orientação correta, o paciente pode ingressar com o pedido de uma liminar – uma decisão solicitada em caráter de urgência – na Justiça, obrigado o convênio de saúde a realizar o tratamento.

Do diagnóstico à recuperação: o que você precisa para conseguir a radioterapia pelo SUS

O avanço da medicina nas últimas décadas foi grande, mas o diagnóstico de câncer ainda assusta e desperta medo. 

Felizmente, a legislação brasileira garante tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e, neste artigo, você vai entender o que precisa fazer para ter acesso ao tratamento com radioterapia, se essa for a indicação terapêutica mais indicada para você.

O que é a radioterapia?

Para entender o que é a radioterapia, é necessário entender o que é radiação. De uma forma simplificada, a radiação é a emissão de energia por meio de ondas eletromagnéticas.

Podemos citar como exemplo a radiação solar. Através das ondas eletromagnéticas emitidas pelo sol, podemos sentir o calor emitido pelo astro-rei, por exemplo.

Outro recurso conhecido que envolve a radiação são as transmissões de rádio, ondas eletromagnéticas propagadas a partir de uma antena e que alcançam uma determinada área, permitindo que as pessoas escutem as diferentes estações e programas.

Agora que entendemos melhor o que é a radiação, podemos compreender como a radioterapia pode ajudar no tratamento do câncer. Esse tipo de tratamento consiste em direcionar um tipo de radiação chamada de ionizante para destruir as células do câncer, impedindo que elas se multipliquem.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), essas radiações não são visíveis no momento em que são aplicadas e o paciente não sente nada durante o procedimento.

Como saber se a radioterapia pode ser usada no meu caso?

A determinação do tipo de tratamento de câncer que o paciente vai receber depende muito da localização do tumor e do seu tipo. Somente o médico, após uma criteriosa avaliação clínica, pode indicar se a radioterapia é ou não uma boa opção terapêutica.

O que eu preciso para ter acesso à radioterapia?

Vigora no Brasil, desde 2012, a chamada Lei dos 60 Dias. Essa legislação determina que todo brasileiro tem o direito de receber o tratamento contra o câncer pelo SUS em um prazo máximo de até 60 dias após a emissão do laudo médico que comprova a existência da enfermidade.

Neste ponto é importante destacar que a lei é taxativa sobre a contagem de tempo: o prazo começa a contar a partir da assinatura do laudo médico e exames de imagem, como a tomografia, não são considerados.

Além disso, a nossa legislação também determina que os pacientes com câncer também devem ter assegurados os acessos a medicamentos, exames, internações e demais procedimentos necessários.

Para ter acesso a qualquer tratamento contra o câncer pelo SUS, incluindo a radioterapia, o primeiro passo deve ser a busca por uma Unidade Básica de Saúde (UBS), ou uma Unidade de Saúde da Família (USF). Em consulta, caso o médico considere que algum exame ou sintoma merece uma investigação mais aprofundada, ele encaminha o paciente para o serviço médico especializado.

Nesse serviço, que pode ser um hospital ou um centro de especialidades médicas, o paciente vai fazer exames e outros procedimentos para confirmar ou descartar a suspeita de câncer. Caso o diagnóstico seja positivo, ele deve ser laudado e o paciente deve iniciar o tratamento em, no máximo, 60 dias.

O prazo de 60 dias é válido para todos os tipos de câncer?

Não, mas apenas em casos específicos. É importante destacar que o prazo de 60 a partir do laudo para início do tratamento não é válido para:

  • o câncer de pele não-melanoma dos tipos basocelular e espinocelular;
  • o câncer de tireoide sem fatores clínicas pré-operatórios prognósticos de alto risco;
  • casos sem indicação de tratamento com cirurgia, quimioterapia ou radioterapia.

Em situações como a do último caso, o paciente deve receber acesso a tratamentos paliativos e para alívio da dor.

O que fazer caso a Lei dos 60 dias seja descumprida?

Caso o paciente com câncer observe que, após 60 dias da emissão do laudo confirmando a doença, seu tratamento não foi iniciado, ele deve procurar a ouvidoria da secretaria de saúde responsável pelo atendimento.

O paciente deve registrar o atraso no início do seu tratamento, oferecendo uma descrição detalhada dos acontecimentos. É recomendável levar exames e o laudo que comprova a existência da doença.

Também é possível fazer o registro pelo telefone 136 ou pelo aplicativo ConecteSUS. Em todos esses casos, o paciente deve sempre anotar todos os números de protocolo.

Mas se, mesmo com todos esses procedimentos, o problema persistir, a busca por um advogado ou escritório especializado em Direito à Saúde é recomendável. 

Esses profissionais podem orientar o paciente e ingressar até mesmo com ações liminares para garantir o tratamento, visto que, no caso da luta contra o câncer, quanto mais cedo se iniciam os processos de cirurgia, quimio ou radioterapia, maiores as chances de cura.

Qual o melhor remédio de ansiedade? Saiba como conseguir pelo SUS!

O Transtorno de Ansiedade Generalizada, conhecido pela sigla TAG, é uma condição de saúde que se caracteriza por um estado de preocupação permanente, que leva a uma série de sintomas, como taquicardia, dor de cabeça e insônia, entre outros.

Essa é uma condição de sofrimento psíquico que pode levar o portador a ter problemas no ambiente profissional, familiar e social, e que leva muita gente a se perguntar: como conseguir a prescrição de um remédio de ansiedade e como retirá-lo pelo Sistema Único de Saúde (SUS)?

Primeiramente, devemos ressaltar que um remédio de ansiedade só deve ser usado quando bem orientado por um médico. A automedicação, além de proibida, pode colocar a sua saúde em risco, uma vez que cada medicamento tem características próprias e nem todos os pacientes podem se adaptar.

O Brasil, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é o país com a maior prevalência de casos de ansiedade no mundo, com cerca de 9,3% da população afetada.

Nesse cenário, muitas pessoas buscam uma forma de interromper rapidamente esse sofrimento e veem no remédio de ansiedade uma forma eficaz de retomar sua saúde mental. Sem dúvidas, buscar ajuda de profissionais como psicólogo e psiquiatra é um ótimo passo para alcançar esse objetivo, mas é importante ter algumas informações em mente.

Qual a diferença entre ansiolítico e antidepressivo?

Muita gente pode ter dúvidas sobre qual o melhor remédio de ansiedade, mas a resposta a essa pergunta só pode ser dada por um médico, em consulta. No entanto, conhecer um pouco sobre as classes de alguns medicamentos ajuda o paciente a se preparar.

Primeiramente, é preciso separar dois grandes grupos de remédios comumente utilizados no tratamento da ansiedade: ansiolíticos e antidepressivos.

Os ansiolíticos são remédios utilizados, normalmente, por um curto período de tempo, já que seu uso contínuo pode causar dependência e eles tendem a perder o efeito. Alguns desses medicamentos são o clonazepam, o lorazepam e o diazepam.

Os ansiolíticos reduzem os sintomas físicos da ansiedade, como tensão muscular e a insônia, e costumam ser recomendados pelos médicos no início do tratamento, junto a outra categoria de medicamentos: os antidepressivos.

Muitas vezes, ao procurar um médico para tratar a ansiedade, o paciente sai do consultório com a receita de um antidepressivo. Isso acontece porque, frequentemente, a ansiedade está associada à depressão.

Os antidepressivos são medicamentos que ajudam a regular o nível de substâncias como a serotonina, neurotransmissor que regula o humor.

Quais são as classes dos antidepressivos?

De uma forma geral, os antidepressivos têm atuação sobre três neurotransmissores: serotonina, dopamina e noradrenalina. Essas são substâncias relacionadas às sensações de prazer e de bem-estar.

As primeiras gerações de medicamentos antidepressivos foram os chamados medicamentos tricíclicos, que agem aumentando a disponibilidade de serotonina no sistema nervoso do paciente. No entanto, esses remédios têm efeitos colaterais indesejáveis, como sonolência, interferência no ritmo cardíaco, boca seca e prisão de ventre.

Atualmente, a primeira linha de tratamento com antidepressivos é formada pelos chamados inibidores de recaptação de serotonina. São medicamentos como a fluoxetina, disponível no SUS, mas com efeitos colaterais menos agudos.

Esses medicamentos são mais modernos e são a primeira opção para pessoas que iniciam o tratamento de depressão ou de ansiedade.

Como conseguir remédio de ansiedade pelo SUS?

O SUS conta com uma ferramenta que apresenta todos os medicamentos oferecidos na saúde pública brasileira. É a Relação Nacional de Medicamentos, ou Rename. E a última Rename divulgada pelo Ministério da Saúde contempla a fluoxetina como alternativa para tratamentos.

Para conseguir esse ou qualquer outro medicamento que integra a Rename, o paciente precisa, primeiramente, procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS), ou Unidade de Saúde da Família (USF) mais próxima de sua casa e relatar os seus sintomas.

A depender da avaliação, o clínico geral poderá encaminhar o paciente a um atendimento especializado com profissionais como psicólogo ou médico psiquiatra. Caso o paciente receba indicação para tratamento com remédio de ansiedade, os medicamentos podem ser retirados em farmácias públicas que fazem parte do SUS.

O que fazer se o remédio não estiver disponível?

Quando alguma unidade de saúde apresenta falta de medicamentos que constam na lista da Rename, como remédios de ansiedade, o cidadão precisa fazer registro do problema na ouvidoria da secretaria de saúde.

Ao fazer a reclamação, é importante fornecer detalhes como: o nome do local onde faltaram os medicamentos, a data e se isso aconteceu apenas uma vez ou de forma repetida.

Outra forma de reforçar a sua demanda é fazer o registro da falta de medicamentos através da ouvidoria do SUS, o que pode ser feito de forma virtual. O telefone 136 também é uma opção.

Ao realizar os contatos com as ouvidorias, peça um prazo para a resolução do seu problema e anote os números de protocolos.

Se o caminho das ouvidorias não chegar a uma solução, é recomendável procurar um escritório ou advogado especializado em Direito à Saúde, reunindo todos os documentos, laudos e registros feitos junto às ouvidorias. O especialista será capaz de orientar corretamente o paciente e elaborar estratégias para o cumprimento dos direitos do cidadão em tratamento.

A terapia ABA como ferramenta-chave no tratamento do autismo

Por muitos anos, pessoas com autismo e suas famílias conviveram com estigmas e falta de conhecimento, tanto da comunidade da saúde, como da sociedade em geral, o que gerava desinformação e dificuldades para acesso a tratamentos e direitos básicos. Felizmente, o cenário está mudando e a terapia ABA é um dos maiores símbolos dessa alteração.

Essa terapia é cientificamente comprovada como uma das mais eficazes no tratamento de pessoas que vivem com autismo e é uma ferramenta-chave para dar a esse indivíduo ferramentas e condições para uma vida mais independente.

A terapia ABA é uma terapia cognitivo-comportamental e o nome vem de um sigla em inglês: Applied Behavior Analysis. Em tradução livre para o português, o termo significa Análise de Comportamento Aplicado.

Esse é considerado um dos métodos mais efetivos de tratamento para o autismo. A terapia ABA deriva do behavorismo, uma linha teórica da psicologia que defende que o comportamento pode ser moldado por meio do condicionamento.

Dessa maneira, a terapia ABA parte do princípio de que o ser humano é resultado do meio social em que habita e, a partir dessa premissa, utiliza recursos para recompensar comportamentos adequados e desencorajar os comportamentos indesejáveis.

Dessa forma, o paciente passa a ser estimulado a realizar tarefas que aumentam sua autonomia, como tomar banho e escovar os próprios dentes, olhar nos olhos ao dialogar com alguém e até mesmo a como agir quando contrariado ou quando recebe um não.

Tudo isso contribui para a socialização e independência do paciente com autismo. A terapia ABA é indicada para pessoas em todos os níveis do espectro autista, do mais leve ao mais severo.

A terapia ABA é o único tratamento para o autismo?

Não, existem outras possibilidades terapêuticas para pessoas com autismo, que englobam também a prática de atividades físicas, realização de fisioterapia, consultas com um fonoaudiólogo, entre outros especialistas.

Além disso, é importante ressaltar que, apesar de ser considerado o tratamento de primeira linha para o autismo, a terapia ABA pode não se adequar a todos os pacientes. Cada indivíduo deve ser observado em sua singularidade, portanto, para alguns pacientes outras alternativas terapêuticas podem ser mais efetivas.

Quais profissionais podem aplicar a terapia ABA?

Ainda não existe, no Brasil, uma legislação que regulamente a aplicação da terapia ABA, mas, de forma geral, médicos, psicólogos, pedagogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais costumam oferecer esse serviço.

As famílias, no entanto, devem ficar atentas ao contratar profissionais, consultando o currículo e verificando as capacitações. Para a aplicação da terapia ABA, o ideal é que o profissional tenha nível de pós-graduação, com prática supervisionada.

Quanto tempo dura o tratamento com terapia ABA?

De uma maneira geral, o tratamento com a terapia ABA para pessoas com autismo é contínuo. O modelo original dessa modalidade terapêutica prevê até 40 horas semanais de terapia em atendimentos individualizados, com sessões de 2 a 4 horas por dia, mas muitos profissionais reduzem essa carga para viabilizar a prática e promover uma adequação de agenda.

O terapeuta observa o comportamento da criança, procurando identificar elementos indesejáveis, sempre buscando priorizar a sociabilidade e autonomia do paciente. Nessa abordagem, o profissional utiliza abordagens lúdicas e faz reforços positivos sobre os comportamentos que busca que a criança desenvolva.

Quais os benefícios da terapia ABA?

O grande objetivo dessa modalidade terapêutica é ampliar e fortalecer o repertório psicossocial da pessoa com autismo, melhorando sua comunicação, sociabilidade e independência. São benefícios que o paciente leva para a vida, ajudando na sua própria qualidade de vida e também na de sua família.

Falando nisso, quanto mais envolvida está a família, maior o sucesso do tratamento. Os familiares podem atuar como replicadores dos princípios da terapia ABA em casa, potencializando os efeitos positivos. Também é importante que família repasse detalhes precisos sobre o dia a dia do paciente no ambiente doméstico.

Os planos de saúde são obrigados a oferecer a terapia ABA?

A terapia ABA, como vimos, têm vários benefícios para o paciente autista, porém, a aplicabilidade da técnica esbarra no seu alto custo. O valor médio de uma sessão fica em torno de R$ 250, no entanto, como é necessária uma alta frequência de sessões, todos os dias da semana, o valor se torna insustentável para a maior parte das famílias.

Para falar sobre esse tema, precisamos voltar a 2022, quando houve um amplo debate sobre os rols taxativos e exemplificativos dos procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que é o órgão regulador da atuação dos convênios de saúde.

De uma forma resumida, a interpretação do rol de procedimentos como taxativo define de forma objetiva tudo o que eu o plano deve cobrir, desconsiderando procedimentos que estejam fora da lista da ANS.

De outra parte, interpretar o rol de modo exemplificativo significa admitir que os procedimentos descritos na listagem são apenas exemplos, não limitando as operadoras a cobrir outros procedimentos, como novidades tecnológicas que podem ajudar em tratamentos.

A questão chegou até o Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou que o tema já estava coberto pela lei 14454/2022. Esta lei já determina que o rol da ANS deve ser interpretado de forma exemplificativa.

Essa legislação também prevê as abordagens prescritas pelos médicos devem ser cobertas pelos planos de saúde, devendo atender à condição de possuir comprovada eficácia científica, caso em que se encaixa a terapia ABA.

Esse entendimento já é seguido por magistrados, como na decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no Paraná. O juiz atendeu ao pedido do pai de uma criança autista de 6 anos, determinando que o plano de saúde custeasse o tratamento com um psicopedagogo especializado em terapia ABA, uma vez que a família não tinha condições de cobrir os custos, que passavam de R$ 7 mil mensais.

Por isso, caso orientamos pais ou responsáveis por crianças autistas a procurar um escritório de advocacia especializado em direito à saúde, caso haja negativa, por parte do plano de cobertura da terapia ABA. Esses profissionais poderão orientar corretamente a família e iniciar os trâmites judiciais para garantir o direito do paciente ao tratamento.

Benznidazol: passo a passo para conseguir o remédio da Doença de Chagas gratuitamente

A Doença de Chagas é uma enfermidade grave, que, em sua fase crônica, pode afetar o funcionamento de órgãos do sistema digestório e o coração, levando a diversas complicações, e com risco de morte.

Felizmente, nos tempos atuais, o benznidazol é um medicamento que, se utilizado no início do tratamento, oferece chance de cura da doença. Esse remédio é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O que é a Doença de Chagas?

A Doença de Chagas é uma infecção causada por um protozoário chamado Trypanosoma cruzi. Uma vez que esse microrganismo penetra no organismo humano, ele se instala preferencialmente em músculos de órgãos como o coração, o fígado e o esôfago, causando inchaços e lesões que podem ser irreversíveis.

O vetor da doença é um inseto popularmente conhecido como barbeiro, mas, ao contrário do que se pensa, não é a picada desse animal que transmite a doença. A pessoa se contamina quando, após ser picada, coça a região e permite a entrada das fezes do barbeiro na corrente sanguínea. 

É nesse momento que ela corre o risco de contrair a Doença de Chagas.

Outra forma menos comum de adquirir a enfermidade é através do consumo de alimentos, como cana de açúcar ou açaí contaminados com as fezes do barbeiro. Por isso, recomenda-se a lavagem criteriosa desses produtos antes da moagem ou do consumo in natura.

Qual a indicação do benznidazol?

O benznidazol é um remédio anti protozoário, ou seja, é eficaz na destruição desse tipo de microrganismo. É oferecido gratuitamente pelo SUS no Brasil, mediante solicitação de um médico. Para compreender sua indicação, é preciso conhecer as duas fases da Doença de Chagas.

O benznidazol é mais efetivo contra a doença na fase aguda, que é o período inicial da Doença de Chagas. Essa fase se caracteriza por sintomas como:

  • Febre persistente por mais de 7 dias;
  • Dor de cabeça;
  • Fraqueza intensa;
  • Inchaço no rosto de nas pernas;
  • Lesão tipo furúnculo (em caso de picada de barbeiro e introdução das fezes do inseto na corrente sanguínea).

Durante essa fase, o benznidazol pode não apenas frear o desenvolvimento da enfermidade como até mesmo eliminar o parasita do organismo, em alguns casos.

Já nas fases indeterminadas ou crônica, o medicamento ajuda a conter a progressão da Doença de Chagas e pode aumentar a qualidade de vida do paciente.

A fase indeterminada dessa patologia vem na sequência da fase aguda. Esse período se caracteriza quando os sintomas agudos cessam e que pode durar anos ou décadas, com a pessoa já sendo portadora da Doença de Chagas, mas sem sintomas evidentes.

Posteriormente, começa a fase crônica, quando surgem os sintomas digestivos e/ou cardíacos da doença, que podem ser graves e trazer sérias repercussões à vida do paciente, como aumento do tamanho do coração, podendo culminar na morte.

O medicamento está disponível pelo SUS?

O benznidazol consta na Relação Nacional de Medicamentos (Rename), um instrumento do Ministério da Saúde que orienta quais remédios devem ser oferecidos à população pelo sistema público de saúde.

Isso significa que esse medicamento deve ser disponibilizado em todas as unidades de saúde e farmácias que atendem pelo Sistema Único de Saúde.

Como conseguir o benznidazol pelo SUS?

Para conseguir esse medicamento através do SUS, o paciente precisa de um pedido médico. Por isso, o primeiro passo é agendar uma consulta na Unidade Básica de Saúde (UBS) ou Unidade de Saúde da Família (USF) mais próxima.

O diagnóstico da Doença de Chagas é baseado em sinais e sintomas da doença e também em fatores epidemiológicos. Isso quer dizer que o médico avalia, além dos sintomas, se a pessoa mora ou morou em regiões do Brasil que são favoráveis à presença do barbeiro, se na região existem relatos de animais (silvestres ou domésticos) que sirvam de reservatório para a doença, ou se a pessoa convive com familiares que tenham diagnóstico para a doença, especialmente mãe ou irmãos.

O diagnóstico diferencial da Doença de Chagas se dá a partir de um exame de sangue parasitológico ou sorológico, que também é realizado pelo SUS.

Com a confirmação do diagnóstico, o médico deve emitir um laudo que permita ao paciente fazer o pedido do benznidazol junto à secretaria de saúde do seu estado. Na fase aguda da doença, é importante que o tratamento comece o mais rapidamente possível, o que aumenta as chances de cura da doença.

Na fase crônica, o uso do medicamento vai depender da avaliação feita pelo médico.

O que fazer se faltar benznidazol no SUS?

Em caso de dificuldade no acesso a esse medicamento pela rede pública, o cidadão deve fazer registros na ouvidoria das secretarias municipal ou estadual de saúde e também pode recorrer à ouvidoria do SUS através do telefone 136 ou do aplicativo de celular Conecte SUS.

Caso essas alternativas não funcionem, recomenda-se ao cidadão buscar ajuda de um advogado ou escritório especializado em Direito à Saúde

Esse profissional poderá não apenas orientar o paciente, como também traçar estratégias para garantir o cumprimento do direito de acesso do paciente ao benznidazol.