Colangite Esclerosante: o que é e como ter o tratamento gratuitamente

A Colangite Esclerosante Primária (CEP) é uma doença autoimune rara que afeta os ductos biliares, canais responsáveis pelo transporte da bile do fígado para o intestino delgado. A inflamação crônica desses ductos leva à formação de cicatrizes e estreitamentos, dificultando o fluxo da bile e causando diversos problemas de saúde.

Recebeu o laudo ou conhece alguém que tenha? 

Neste artigo, reunimos todas as informações que você precisa saber a respeito, incluindo os sintomas e como conseguir o tratamento de forma gratuita pelo SUS ou Plano de Saúde.

Confira o que você vai encontrar em nosso conteúdo:

  • A Colangite Esclerosante: abordaremos as características da doença, seus sintomas, diagnóstico e as diferentes formas de se manifestar.
  • O Caminho para o Tratamento: exploraremos as opções terapêuticas disponíveis, desde medicamentos até procedimentos mais invasivos, e o papel fundamental do acompanhamento médico especializado.
  • Garantir o acesso à saúde: esclareceremos os direitos dos pacientes com Colangite Esclerosante, detalhando as possibilidades de tratamento gratuito pelo SUS e planos de saúde, com base na legislação brasileira.

Confira agora!

Compreendendo a Colangite Esclerosante

A CEP se caracteriza por uma inflamação crônica e progressiva dos ductos biliares, tanto dentro (intra-hepáticos) quanto fora (extra-hepáticos) do fígado. Essa inflamação leva à formação de cicatrizes e estreitamentos que dificultam o fluxo da bile, causando diversos problemas de saúde.

Sintomas e Sinais da CEP

Os sintomas da Colangite Esclerosante podem ser sutis e progredir lentamente ao longo dos anos. Entre os mais comuns, podemos destacar:

  • Fadiga: cansaço persistente e inexplicável.
  • Dor abdominal: Dor na parte superior direita do abdômen, podendo irradiar para as costas.
  • Coceira na pele: coceira intensa, principalmente à noite, que não responde a cremes ou medicamentos anti-alérgicos.
  • Icterícia: amarelecimento da pele e do branco dos olhos, causado pelo acúmulo de bilirrubina no sangue.
  • Febre: sem causa aparente, podendo ser intermitente ou persistente.
  • Diarreia: gordura nas fezes devido à má absorção de gorduras.
  • Perda de peso: sem esforço ou mudança nos hábitos alimentares.

Diagnóstico Colangite Esclerosante

O diagnóstico da Colangite Esclerosante Primária exige acompanhamento médico especializado, pois envolve a análise de diversos fatores e a realização de exames específicos. Diante da complexa natureza da doença, é fundamental buscar ajuda de um profissional experiente e qualificado.

O hepatologista, médico especialista em doenças do fígado, assume um papel crucial no diagnóstico e acompanhamento. Através da análise do histórico médico, sintomas, exames laboratoriais e de imagem, o hepatologista poderá determinar a presença da doença e definir o plano de tratamento mais adequado.

Em alguns casos, o gastroenterologista também pode ser envolvido no diagnóstico e tratamento da CEP, principalmente quando a doença está associada a Doenças Inflamatórias Intestinais (DII).

O diagnóstico da Colangite Esclerosante é feito através de uma combinação de exames que inclui:

  • Análises de sangue: testes para avaliar a função hepática e detectar a presença de autoanticorpos relacionados à doença.
  • Exames de imagem: utrassom abdominal, tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM) para visualizar os ductos biliares e identificar estreitamentos.
  • Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE): procedimento endoscópico que utiliza um contraste para radiografar os ductos biliares e o pâncreas.
  • Biópsia do fígado: retirada de uma pequena amostra do fígado para análise laboratorial, em casos selecionados.

Fatores de Risco:

Embora a causa exata da Colangite Esclerosante seja desconhecida, alguns fatores podem aumentar o risco de desenvolvê-la, como:

  • Doenças inflamatórias intestinais (DII): a maioria dos pacientes com CEP (cerca de 70-90%) também tem DII, principalmente colite ulcerativa ou doença de Crohn.
  • Histórico familiar: pessoas com parentes próximos com CEP têm um risco maior de desenvolver a doença.
  • Sexo masculino: a doença é mais comum em homens do que em mulheres.
  • Idade: A maioria dos casos é diagnosticada entre os 20 e 40 anos de idade.

Tratamento:

A Colangite Esclerosante é uma doença autoimune que, infelizmente, não possui cura definitiva. No entanto, isso não significa que o tratamento não seja eficaz ou que a qualidade de vida dos pacientes não possa ser significativamente melhorada.

O tratamento da Colangite Esclerosante visa controlar a inflamação, prevenir o estreitamento dos ductos biliares e aliviar os sintomas.

As opções de tratamento incluem:

  • Medicação: o ácido ursodesoxicólico é o principal medicamento utilizado no tratamento da CEP, pois ajuda a dissolver cálculos biliares e proteger o fígado. Antibióticos também podem ser prescritos para prevenir infecções biliares.
  • Procedimentos Endoscópicos: a colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) é um procedimento que utiliza contraste para radiografar os ductos biliares e o pâncreas. Através da CPRE, é possível dilatar estreitamentos nos ductos biliares e colocar stents para mantê-los abertos.
  • Colangioplastia Percutânea Transhepática (CPT): um procedimento minimamente invasivo que utiliza agulhas guiadas por imagem para drenar bile de ductos biliares bloqueados.
  • Transplante de Fígado: em casos avançados da doença, quando o fígado está severamente danificado, o transplante hepático pode ser a única opção para salvar vidas.

Tratamento Gratuito pelo SUS ou Plano de Saúde

A notícia é animadora: o tratamento da Colangite Esclerosante pode ser feito de forma gratuita tanto pelo SUS quanto por planos de saúde, assegurando o acesso à medicação, exames e procedimentos necessários para controlar a doença e proporcionar uma melhor qualidade de vida aos pacientes.

No SUS, o paciente deve buscar atendimento em uma unidade de saúde pública, consultar um médico especialista e realizar o diagnóstico da doença. Após a confirmação da CEP, o médico prescreverá os medicamentos, exames e procedimentos necessários, que serão disponibilizados gratuitamente mediante apresentação do cartão do SUS.

Já para quem possui plano de saúde, a Lei nº 9.656/98 garante a cobertura do tratamento da CEP. O paciente deve consultar o plano para saber quais os procedimentos, medicamentos e exames estão cobertos e seguir as orientações da operadora para ter acesso ao tratamento.

É importante ressaltar que a busca por um diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento da Colangite Esclerosante. Quanto antes a doença for identificada, menores serão os riscos de complicações e melhor será a qualidade de vida do paciente.

Portanto, se você apresenta algum dos sintomas mencionados anteriormente, como fadiga persistente, dor abdominal, coceira na pele, icterícia, febre, diarreia ou perda de peso sem causa aparente, procure um hepatologista ou gastroenterologista o mais rápido possível. A rapidez na busca por ajuda especializada pode fazer toda a diferença na sua jornada contra a Colangite Esclerosante

Caso tenha o seu tratamento negado, a equipe de especialistas do Kobi Advogados, escritório de advocacia com foco em Direito da Saúde, está à disposição para auxiliar pacientes com Colangite Esclerosante a garantir seus direitos e ter acesso ao tratamento gratuito pelo SUS ou plano de saúde.

Quais os sinais da Doença Inflamatória Intestinal?

Uma Doença Inflamatória Intestinal (DII) é uma condição crônica que causa uma inflamação no trato intestinal (TGI) e pode abranger a Doença de Crohn e a Colite Ulcerativa. Essa inflamação pode levar a uma série de sintomas debilitantes e, em alguns casos, complicações graves.

Embora a causa exata das DII permaneça incerta, acredita-se que uma combinação de fatores genéticos, imunológicos e ambientais contribua para o seu desenvolvimento. Fatores de risco incluem histórico familiar de DII, tabagismo e dieta rica em gorduras processadas e carnes vermelhas.

Reunimos aqui tudo o que você precisa entender a respeito, incluindo os sintomas e a forma de conseguir tratamento pelo SUS ou Plano de Saúde.

Confira!

Sintomas frequentes da Doença Inflamatória Intestinal (DII)

Os sintomas das DII variam em intensidade e frequência, dependendo da gravidade da doença e da parte do TGI afetada. No entanto, alguns sinais e sintomas comuns incluem:

  • Diarreia: a diarreia frequente, que pode ser aquosa, sanguinolenta ou conter muco, é um dos sintomas mais comuns das DII.
  • Dor abdominal: a dor abdominal pode variar de leve a intensa e pode ser localizada em diferentes áreas do abdômen, dependendo da região do TGI afetada.
  • Sangramento retal: o sangramento retal, geralmente na forma de sangue fresco nas fezes, é um sintoma comum da colite ulcerativa.
  • Urgência fecal: a urgência fecal se refere à necessidade repentina e incontrolável de evacuar, mesmo sem sentir vontade de ir ao banheiro.
  • Fadiga: a fadiga intensa e persistente é um sintoma comum das DII e pode afetar significativamente a qualidade de vida do paciente.
  • Perda de peso: perda de peso não intencional, geralmente devido à diarreia e má absorção de nutrientes, é comum em pessoas com DII.
  • Febre: febre baixa pode ser um sintoma de inflamação no TGI.

Outras sintomas menos frequentes, porém também possíveis:

Além dos sintomas gastrointestinais, as DII podem causar outras manifestações, como:

  • Aftas bucais: pequenas úlceras dolorosas na boca são mais comuns em pessoas com doença de Crohn.
  • Artrite: inflamação das articulações pode afetar pessoas com DII, especialmente aquelas com doença de Crohn.
  • Uveíte: a inflamação dos olhos é uma complicação rara, mas séria, das DII.
  • Doença hepática: inflamação do fígado pode ocorrer em pessoas com DII, especialmente aquelas com colite ulcerativa.

Diagnóstico e tratamento

Se você apresenta algum dos sintomas mencionados, é importante consultar um médico para obter um diagnóstico preciso e iniciar o tratamento adequado. O diagnóstico das DII geralmente envolve uma combinação de avaliação médica, exames de sangue, exames de imagem e endoscopia do TGI.

O tratamento das DII visa reduzir a inflamação, controlar os sintomas e prevenir complicações. As opções de tratamento podem incluir:

  • Medicamentos: uma variedade de medicamentos pode ser utilizada para tratar as DII, incluindo anti-inflamatórios, imunossupressores e biológicos.
  • Mudanças na dieta: em alguns casos, modificar a dieta pode ajudar a aliviar os sintomas das DII.
  • Cirurgia: a cirurgia pode ser necessária em casos graves de DII que não respondem ao tratamento medicamentoso.

Acesso ao tratamento da Doença Inflamatória Intestinal no Brasil

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para as DII. Para ter acesso ao tratamento, o paciente deve procurar um médico em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e solicitar encaminhamento para um especialista em gastroenterologia.

Já em relação ao plano de saúde, caso o tratamento seja negado, o que define a obrigatoriedade do plano de saúde:

  • Rol da ANS: oO rol da ANS é uma lista de procedimentos mínimos que os planos de saúde devem cobrir. Se o tratamento da DII estiver no rol, o plano é obrigado a fornecê-lo, mesmo que não esteja explicitamente previsto no contrato.
  • Cobertura contratual: se o contrato do plano de saúde incluir cobertura específica para DII, o plano deve fornecer os tratamentos previstos, mesmo que não estejam no rol da ANS.
  • Eficácia comprovada: em alguns casos, mesmo que o tratamento não esteja no rol da ANS ou no contrato do plano, o paciente pode ter direito à cobertura se comprovar que o tratamento é eficaz e tem recomendação médica.

É importante que os pacientes com DII conheçam seus direitos e busquem o tratamento adequado. O escritório Kobi Advogados possui uma equipe especializada em direito da saúde que pode auxiliar pacientes com DII a obterem o tratamento necessário e defender seus direitos.

Lembre-se: você tem direito à saúde e ao tratamento adequado para sua doença. Não desista de buscar seus direitos e alternativas para cuidar da sua saúde.