O Transtorno do Espectro Autista (TEA), ou simplesmente autismo, é uma condição neurológica que interfere no desenvolvimento de habilidades sociais, motoras, de comunicação e de interação social. Muito tem se discutido sobre essa condição nos últimos anos, o que pode deixar muitos pais preocupados com possíveis sinais de autismo em seus filhos.
Como é comum na medicina, quanto mais cedo acontecer qualquer tipo de diagnóstico, maiores as possibilidades de ganho de qualidade de vida para os pacientes. No caso do autismo, não é possível falar em cura, mas em um controle da doença e em terapias que ajudem a pessoa a se desenvolver e conquistar maior autonomia.
Por isso, é importante que os pais conheçam 3 importantes sinais que podem indicar o autismo em bebês, como vamos ver a partir de agora.
1) Não emitir nem reagir a sons
A ciência comprovou que bebês, ainda no útero da mãe, são capazes de reagir a estímulos auditivos, o que também acontece nos primeiros meses de vida. É comum que o bebê se assuste com algum barulho alto ou inesperado, que direcione sua cabeça para um brinquedo que emite um som, a tv ligada ou ao ser chamado.
No entanto, um possível sinal de autismo pode ser a ausência de reação da criança a barulhos, que também pode indicar problemas auditivos. Idealmente, o teste da orelhinha deve ser realizado até 48 horas após o nascimento, para a detecção precoce de eventuais problemas de audição.
Afastada a possibilidade de doenças relacionadas ao ouvido, os pais devem levar a criança ao pediatra para investigar a falta de reação aos sons como um possível sinal de autismo.
Da mesma forma, os pais devem ficar atentos a bebês muitos silenciosos e calados. É normal, ainda no primeiro ano de vida, que a criança emita gritos, gemidos e sons como “dada” “oh” e outros sons fofos que fazem os pais se derreterem. Crianças por volta dos dois anos,de forma geral, são capazes de construir pequenas frases.
A ausência desse tipo de comportamento pode motivar uma visita do bebê ao pediatra.
2) Não interagir socialmente
Com aproximadamente um ano, um bebê costuma saber quando está sendo chamado e normalmente interage de alguma forma quando percebe que está recebendo atenção. Ao ouvir seu nome, é comum que emita algum som, vire seu rosto na direção do chamado ou vá ao encontro da pessoa que o chama.
Além disso, com cerca de 2 meses de idade, a criança já é capaz de sorrir e de demonstrar seu estado de espírito através de expressões faciais. Normalmente, os bebês também se sentem acolhidos e protegidos com contato físico, como com beijos e abraços.
A criança autista, no entanto, pode recusar esse tipo de manifestação de afeto, além de evitar olhar diretamente nos olhos das pessoas, mesmo com as de convívio íntimo.
Também a partir dos dois anos, o bebê, quando em contato com outras crianças, começa a socializar, brincar e estabelecer alguns laços. As crianças autistas, por sua vez, podem preferir brincar sozinhas e até mesmo evitar ativamente o contato com outras crianças.
Por isso, a falta de interação e de expressões faciais de um bebê pode merecer uma consulta com o médico, na qual os pais podem falar com o profissional sobre esses sinais, para que a criança seja avaliada.
3) Fazer movimentos repetitivos
Uma das características do autismo são os movimentos repetitivos, chamado também de movimentos estereotipados. São gestos repetitivos, como mexer as mãos fazendo gestos repetitivos de forma contínua, ou fazer gestos com outras partes do corpo, mas cuja principal característica é a repetição.
Depois de aprender a falar, essa repetição pode se estender também às palavras, e a criança pode repetir a mesma palavra por algum tempo, um sinal que também pode indicar o autismo.
O que fazer se meu filho apresentar sinais de autismo?
O primeiro passo, caso exista uma suspeita de que seu filho possa ser autista, é levar suas dúvidas a um médico. Um profissional capacitado poderá conduzir a situação, realizar exames e testes e orientar corretamente a família, seja em caso de confirmação ou de descarte desse diagnóstico.
Além disso, caso o diagnóstico de autismo seja confirmado, o recomendado para os pais é manter uma atitude positiva. Com o que se sabe hoje sobre o autismo, há tratamentos que ajudam o paciente a conquistar mais autonomia e um melhor desenvolvimento.
Também é recomendado que os pais busquem construir laços com outros pais de autistas, para conhecerem essa realidade, trocar experiências e se preparar para continuar dando muito amor ao seu filho.
Como funciona o tratamento para o autismo?
Um dos tratamentos mais eficazes para o autista é a Terapia ABA, uma terapia cognitivo-comportamental cuja sigla vem do inglês: Applied Behavior Analysis. Em tradução livre para o português, o termo significa Análise de Comportamento Aplicado.
Esse é considerado um dos métodos mais efetivos de tratamento para o autismo. A terapia ABA deriva do behavorismo, uma linha teórica da psicologia que defende que o comportamento pode ser moldado por meio do condicionamento.
Dessa maneira, a terapia ABA parte do princípio de que o ser humano é resultado do meio social em que habita e, a partir dessa premissa, utiliza recursos para recompensar comportamentos adequados e desencorajar os comportamentos indesejáveis.
Dessa forma, o paciente passa a ser estimulado a realizar tarefas que aumentam sua autonomia, como tomar banho e escovar os próprios dentes, olhar nos olhos ao dialogar com alguém e até mesmo a como agir quando contrariado ou quando recebe um não.
Tudo isso contribui para a socialização e independência do paciente com autismo. A terapia ABA é indicada para pessoas em todos os níveis do espectro autista, do mais leve ao mais severo.