Vasectomia sem custo: como fazer pelo plano de saúde

Dentro do planejamento familiar, a opção do casal pela quantidade de filhos desejados é uma das diretrizes mais importantes. Dentro desse tema, métodos contraceptivos, ou seja, que impedem a gravidez são um tema importantíssimo e um dos mecanismos mais eficazes envolve, na verdade, o homem: a vasectomia.

A vasectomia é o procedimento de esterilização masculino, ou seja, uma cirurgia que, após alguns meses, torna o homem estéril.

Isso não significa que o homem perde a sua função sexual, pelo contrário, ele continua com plena capacidade de desenvolver relações sexuais com sua parceria, porém, após a vasectomia, seus espermatozoides não serão mais expelidos, ou seja, não poderão fecundar o óvulo.

Esse é um método contraceptivo com muitas vezes, mas que nem todo mundo sabe que tem cobertura obrigatória dos planos de saúde. Vamos entender mais sobre esse procedimento e como solicitá-lo junto à sua operadora.

O que é a vasectomia e para que ela serve?

A vasectomia é uma cirurgia que interrompe o fluxo de espermatozoides para fora do corpo do homem, através do bloqueio de estruturas chamadas canais deferentes. 

O organismo masculino possui dois canais diferentes, que nada mais são que dutos por onde os espermatozóides passam ao sair dos testículos.

Na vasectomia, esses dutos são cortados pelo médico e cauterizados ou costurados com pontos cirúrgicos. A cirurgia é considerada de pequeno porte, porém, o paciente precisa fazer alguns dias de repouso após ser submetido a ela. Normalmente, o homem tem alta no mesmo dia.

Com a passagem dos espermatozóides impedida, o homem se torna estéril após a realização da vasectomia. A cirurgia não afeta a capacidade sexual do paciente, apenas faz com que sua ejaculação, alguns meses após a cirurgia, não contenha mais as células reprodutivas masculinas.

Quais os cuidados ao fazer a vasectomia?

Para realizar a vasectomia, é preciso observar algumas exigências legais e também alguns cuidados no pós-operatório.

Antes da cirurgia, o paciente é notificado de que a vasectomia, via de regra, é um procedimento permanente. Isso significa que é preciso ter bastante certeza de que não se deseja ter mais filhos, pois a reversão da vasectomia não tem garantias de sucesso.

Além disso, segundo a lei 14443/2022, a idade mínima para a realização da vasectomia é de 21 anos. A exceção a essa regra é válida apenas para os casos em que o indivíduo tenha mais de dois filhos antes de completar essa idade.

Depois de realizada a cirurgia, o paciente precisa tomar alguns cuidados. Primeiramente, é recomendado repouso nas primeiras 48 horas, fazendo a higienização da região com água e sabão algumas vezes ao dia e mantendo a incisão limpa e seca.

Após dois dias, o paciente pode retornar às atividades mais leves, mas deve evitar esforços físicos mais intensos por, pelo menos, uma semana.

Logo após a vasectomia o homem já fica estéril?

Não. Esse, talvez, seja o mais importante cuidado no pós-operatório da vasectomia. Leva algum tempo até que seja eliminada completamente a chance de algum espermatozóide escapar durante uma relação sexual.

Por isso, os médicos orientam a continuidade do uso de outro método contraceptivo, como preservativo, ou pílula anticoncepcional, por, pelo menos, 90 a 120 dias. Isso acontece, porque podem haver espermatozóides vivos no canal deferente, que podem ser liberados em caso de ejaculação.

Após esse período, o paciente deve realizar um exame chamado espermograma. Esse exame realiza uma contagem de espermatozoides presente no sêmem e, após a vasectomia e a passagem do período de segurança, seu resultado deve indicar azoospermia, ou seja, ausência de espermatozoides.

O plano de saúde é obrigado a cobrir a vasectomia?

Há mais de 15 anos – desde 2008 – A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinou a obrigatoriedade das operadoras de saúde de cobrir procedimentos relacionados ao planejamento familiar. A vasectomia é um deles.

O caminho mais recomendado para solicitar a realização desse procedimento é a manifestação desse desejo, por parte do paciente, em consulta com um médico urologista. A partir daí, recomenda-se fazer uma manifestação formal ao plano de saúde. É comum que o médico solicite alguns exames, antes de marcar a data do procedimento.

Vale destacar que a legislação brasileira prevê um intervalo mínimo de 60 dias entre a manifestação do desejo de fazer a vasectomia e a data de execução do procedimento. Durante esse período, o paciente recebe informações sobre outros métodos contraceptivos, para que possa refletir sobre a decisão de realizar a vasectomia, uma vez que ela pode ser irreversível.

O que fazer quando o plano de saúde se recusa a fazer a vasectomia?

Caso haja negativa da realização da vasectomia por parte do plano de saúde, recomenda-se que o beneficiário solicite por escrito o posicionamento da operadora e as justificativas para a negativa da realização do procedimento.

A partir daí, é importante que o paciente procure advogados especializados em direito à saúde. A negativa da realização da vasectomia, em pacientes que atendem a todos os critérios legais, é uma prática abusiva e que pode ser revertida judicialmente.