O que são os testes de autismo e o que faz depois do diagnóstico

A discussão sobre o autismo cresceu muito nos últimos anos, dando a muita gente a impressão de que nunca se falou tanto sobre esse transtorno e de que há mais diagnósticos do que no passado. O importante, de qualquer forma, é que as informações estão mais disseminadas, o que estimula as pessoas a buscarem ajuda e um correto diagnóstico.

Para confirmar ou descartar a hipótese de autismo, seja em crianças ou mesmo em adultos, alguns testes são necessários. Não existe exame de laboratório ou de imagem que seja capaz de identificar o autismo. Por isso, neste artigo, vamos falar sobre os primeiros passos após o diagnóstico de autismo.

O que são os testes de autismo?

O diagnóstico de autismo é exclusivamente clínico, ou seja, ele é feito por um médico através de análise do comportamento do paciente e entrevistas com familiares próximos.

São três os principais testes de autismo aplicados na atualidade: o MCHAT, o ADI-R e o ADOS. Vamos conhecer cada um em mais detalhes, mas é importante destacar que todos os testes devem ser conduzidos por um profissional capacitado, como um psicólogo ou médicos como o neurologista, o pediatra ou o neuropediatra.

MCHAT

O teste MCHAT é o mais indicado para crianças com suspeita de autismo, sendo indicado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) como o primeiro protocolo a ser utilizado. A sigla MCHAT vem do nome em inglês para Lista de Verificação Modificada para Autismo em Crianças.

Esse método consiste na avaliação do comportamento da criança e em entrevistas com os pais ou responsáveis, em que o profissional busca saber sobre padrões de comportamento. É importante levar a confirmação do diagnóstico depende não apenas do MCHAT, mas de outros testes complementares.

ADI-R

ADI-R é mais uma sigla que vem do inglês para Entrevista de Diagnóstico de Autismo Revisada. Esse método normalmente é um dos que complementam o diagnóstico de crianças junto do MCHAT.

Ele consiste em 93 perguntas respondidas por pais ou responsáveis de crianças com mais de 18 meses de vida. O examinador parte desse roteiro, mas pode se concentrar mais ou menos em questões que considerar mais ou menos importante de acordo com o caso.

Normalmente, os principais pontos abordados no método ADI-R são:

  • O desenvolvimento da comunicação do paciente;
  • Interação social;
  • Se existem comportamentos repetitivos, restritos e estereotipados;
  • Se existem problemas comportamentais;

O teste ADI-R, de uma forma geral, busca mais ênfase na fase atual de vida do indivíduo. No caso de crianças, na faixa dos 4 aos 10 anos, podem ser avaliadas com maior ênfase comportamentos como preferência por brincar sozinho ou em grupo.

Já na faixa acima dos 10 anos, o teste pode se deter mais sobre a avaliação da sociabilidade e interesse ou capacidade de fazer e manter amigos.

A pontuação das questões do ADI-R varia de 1 a 3 e quanto mais alto resultado, maior o grau de severidade do autismo.

ADOS

Esse teste pode ser aplicado tanto em crianças quanto em adultos. Conforme a idade do paciente, a duração do teste pode ser mais longa, dado o maior histórico a ser analisado.

ADOS é mais uma sigla que vem do inglês Cronograma de Observação Diagnóstica do Autismo. Esse também é um teste baseado em um questionário, mas que pode sofrer algumas alterações a depender de tópicos que o avaliador julgar mais relevante.

Porém, diferente do método ADI-R, no ADOS o próprio paciente é entrevistado, o que permite ao avaliador observar também como flui a interação e a comunicação durante a conversa.

Esse teste de autismo é composto por 4 módulos, nos quais um tipo de habilidade – como social ou de comunicação – é avaliada. A partir desse acompanhamento, o profissional pode perceber quais tipos de tratamento são mais indicados para cada paciente.

Recebi o diagnóstico de autismo. E agora?

O Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos estima que cerca de 1% da população mundial conviva com o autismo. Segundo essa estimativa, o Brasil tem mais de 2 milhões de pessoas no espectro.

Tem se tornado mais comum, conforme aumenta a discussão, que pessoas procurem diagnóstico e se descubram autistas na idade adulta, o que pode ser um choque. Porém, é importante encarar esse momento de forma positiva, pois, com o diagnóstico, é possível buscar tratamentos e ganhar mais qualidade de vida.

Em muitos casos, os indivíduos que não apresentam os sinais clássicos ou as estereotipias associadas ao autismo não desconfiam serem portadores do transtorno. Muitos desses pacientes são classificados dentro do nível de suporte 1, o menos severo.

A partir do diagnóstico de autismo na idade adulta, o mais importante é iniciar as terapias indicadas e se manter aberto e positivo em relação ao transtorno e conhecer as suas limitações. Psicoterapia, terapia ocupacional e treinamento social são algumas das opções que podem ajudar pessoas autistas.

Meu filho foi diagnosticado com autismo. O que fazer?

Pais ou responsáveis por crianças diagnosticadas com autismo, naturalmente, desejam criar um ambiente seguro para que evitar sofrimentos, tanto para a criança quanto para si mesmos. E está tudo bem. A aceitação é o primeiro passo para lidar com o autismo.

Pessoas autistas podem se desenvolver e oferecer uma visão única sobre o mundo. Esteja aberto a aprender e ensinar junto com elas.

A partir daí, é importante buscar as opções terapêuticas orientadas pelos médicos, que podem aumentar a autonomia e melhor o desenvolvimento dos pequenos pacientes. Também é importante se manter aberto a incentivar a criança autista e não isolá-la, mas permitir que ela se integre ao mundo e à sociedade.

Pais de autistas também devem olhar para si com cuidado e carinho. A organização do tempo é fundamental, pois o cuidado pode exigir muitas horas de dedicação. É recomendável tentar construir uma rede de apoio e contar com a ajuda de avós, tios, irmãos e amigos da família.

Por fim, para oferecer cuidado, é importante estar bem. Sempre que possível, invista na sua saúde física e mental, através da prática de exercícios e realização de psicoterapia e atividades que te tragam prazer e conforto, como eventos religiosos, prática de hobbies e encontros com amigos.

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