5 benefícios do Trastuzumab no tratamento do câncer de mama

Quando se trata do câncer mais letal entre mulheres e o segundo câncer mais comum no mundo, uma descoberta se destaca como um ponto de virada crucial no cenário de tratamentos e resultados. O trastuzumabe ofereceu um raio de esperança para pacientes enfrentando o desafio do câncer de mama, especialmente aquelas diagnosticadas com tumores positivos para o receptor HER2

O medicamento, demonstrou uma eficácia diferenciada, atrelada a uma série de benefícios significativos, que alterou o curso natural dessa doença e vem impactando positivamente a jornada de muitas mulheres nessa batalha.

Neste artigo iremos explicar mais sobre o diferencial do trastuzumabe e como ele revolucionou o tratamento do câncer de mama HER2-positivo, que representa cerca de 20% dos casos de câncer de mama, através de cinco principais benefícios.

Sobre o trastuzumabe

O trastuzumabe é um anticorpo monoclonal, uma estrutura quase idêntica aos anticorpos naturais de defesa do organismo, mas produzido em laboratório e preparado para atacar alvos específicos nos tumores. 

É um medicamento usado no tratamento de um tipo específico de câncer de mama, chamado de câncer de mama HER2-positivo e funciona como um “bloqueador” que age contra a proteína HER2, que está em quantidades maiores nas células cancerosas desse tipo de câncer.

Esse tipo de tumor tende a ser mais agressivo e associado a maior risco de progressão e a óbito. No entanto, o desenvolvimento de terapias direcionadas, como o trastuzumabe e outros medicamentos conhecidos como terapias anti-HER2, revolucionou o tratamento desse tipo de câncer.

O trastuzumabe age como um “freio” que ajuda a impedir as células do câncer de crescerem e se espalharem rápido demais, ao se “agarrar” à proteína HER2, ajudando a controlar o crescimento do tumor e melhorando os resultados do tratamento. O seu uso é associado a uma combinação de terapias, como cirurgia, radioterapia, quimioterapia e terapias direcionadas.

O nome comercial do trastuzumabe original é Herceptin®. Porém, ainda existem medicamentos biossimilares do fármaco aprovados no Brasil, como Zedora®, Trazimera® e Kanjinti®. O trastuzumabe pode ser aplicado por via endovenosa ou subcutânea.

Antes do desenvolvimento do trastuzumabe, as mulheres com câncer de mama em estágio inicial enfrentavam um prognóstico pior do que aquelas com câncer de mama HER2-negativo, incluindo recaídas mais rápidas, maiores incidências de metástase e menor sobrevida de acordo com diversos estudos.

Vamos analisar melhor a seguir cada um desses benefícios que fazem do trastuzumabe uma esperança concreta para mulheres que enfrentam o câncer de mama HER2-positivo.

  1. Redução do risco de recorrência

Os resultados de estudos de longo prazo com pacientes que receberam o trastuzumabe apontam que essa terapia reduziu o risco de recorrência da doença de uma forma bastante significativa e importante. 

Uma análise combinada de dados de 13.864 pacientes provenientes de 7 estudos aleatórios revelou que o uso do trastuzumabe durante um ano, associado à quimioterapia, no cenário adjuvante para pacientes com tumores HER-2 positivo em estágios iniciais, reduziu a recorrência e a mortalidade por câncer de mama em um terço, benefício observado independente das características do tumor ou da paciente.

  1. Melhora na sobrevida

Além da não reincidência da doença, o trastuzumabe aumenta de forma geral o tempo de vida das pacientes que recebem esse medicamento em comparação com aqueles que não o utilizam.

A sobrevida pode ser medida de várias formas, como sobrevida global (tempo de vida desde o início do tratamento até a morte por qualquer causa), sobrevida livre de progressão (tempo sem que a doença piore) ou outros critérios específicos do estudo.

Isso significa que mais pacientes têm a chance de viver por mais tempo e com melhor qualidade de vida quando tratados com trastuzumabe.

  1. Diminuição do tamanho do tumor

Em muitos casos, o trastuzumabe é eficaz na redução do tamanho do tumor, tornando-o mais tratável por meio de outros métodos, como cirurgia ou radioterapia.

  1. Redução do número de ciclos de quimioterapia 

Quando a quimioterapia é retirada gradativamente com a administração de drogas como o trastuzumabe e pertuzumabe, aproximadamente 30% a 40% dos tumores conseguem ter uma regressão total, de acordo com o especialista espanhol Javier Cortés, que acompanhou os resultados divulgados em junho de 2023, de um estudo de longo prazo intitulado PHERGain.

Quando utilizado em combinação com a quimioterapia, o trastuzumabe pode potencializar os efeitos dos medicamentos de quimioterapia, tornando-os mais eficazes no combate ao câncer. 

Isso significa que, com a adição do trastuzumabe, a quimioterapia pode ser mais direcionada e eficiente, o que pode permitir uma redução no número de ciclos necessários para alcançar resultados semelhantes ou melhores.

  1. Menos efeitos colaterais graves

A quimioterapia voltada para o tipo de tumor agressivo que é o HER2-positivo envolve um tratamento de cinco a seis meses, com todos os efeitos colaterais associados. 

Ao diminuir a necessidade de ciclos da quimioterapia, como vimos anteriormente, o trastuzumabe também diminui a agressividade e toxicidade do tratamento, melhorando a qualidade de vida das pacientes durante o tratamento, sem perder eficácia.

Além disso, o tratamento com trastuzumabe é bem tolerado, sem apresentar efeitos colaterais graves.

E outra boa notícia, além de todos esses benefícios, é que o Trastuzumabe Entansina, indicado como método de tratamento mais tecnológico, utilizado apenas como única droga ou procedimento – foi incorporado ao Sistema Público de Saúde (SUS) em setembro de 2022 e está disponível para tratamento de pacientes do nível HER2-positivo da doença, na rede pública.

Assim como deve ser um tratamento que fornece esperança, vida e qualidade para as brasileiras, acessível a todas. 

Porém, como sabemos que o sistema público pode ser irregular nas entregas, além de muito burocrático em seus processos, podendo levar um tempo valioso que muitas pacientes não têm para obter a medicação, muitas vezes é necessário recorrer à rede privada, pelos planos de saúde.

E nesse caso, também sabemos bem que a obtenção pode ser dificultada. 

Em todos esses cenários de desafios para obtenção do trastuzumabe, a Justiça brasileira pode ser acionada para garantir o direito básico à vida dessas pacientes. Conte com a ajuda de um advogado especialista em Direito à Saúde se estiver passando por isso.