A trombose venosa profunda é uma doença que merece bastante atenção, pois é um quadro potencialmente grave e que pode se tornar um quadro de embolia pulmonar, uma complicação que pode ser fatal e cuja evolução pode ser surpreendentemente rápida.
Felizmente, há medicamentos com ação terapêutica de grande taxa de sucesso no tratamento da trombose, como o Clexane. Mas será que os planos de saúde cobrem a utilização desse remédio?
Medicamento cujo princípio ativo é a enoxaparina sódica, o Clexane tem a capacidade não apenas de tratar, como também de prevenir a formação de trombos. Por isso, ele é muito conhecido na angiologia, especialidade médica que se dedica às doenças que afetam os vasos sanguíneos.
O que é a trombose venosa profunda?
A trombose venosa profunda é uma doença potencialmente grave que se configura quando coágulos, também chamados de trombos, se instalam nas paredes de vasos sanguíneos, normalmente nas pernas.
A acumulação desses coágulos pode até mesmo entupir a passagem do fluxo sanguíneo pelo local, levando ao surgimento de inchaços, vermelhidão e sensação de calor na região afetada. O paciente também pode sentir dor no local e perceber o endurecimento da musculatura.
Quais as complicações da trombose venosa profunda?
No local, a longo prazo, a trombose venosa profunda pode levar a uma condição chamada insuficiência venosa crônica, também conhecida como síndrome pós-flebítica.
Essa condição se caracteriza pela destruição de válvulas existentes nos vasos sanguíneos, que têm como função impedir o retorno do sangue por ação da força da gravidade, garantindo que o fluxo sanguíneo suba da parte de baixo para a região superior do corpo, em direção ao coração.
Isso pode levar a graves problemas circulatórios nos pacientes acometidos.
No entanto, outra complicação potencialmente perigosa é a embolia pulmonar, que acontece quando um trombo se descola da parede de um vaso e é carregado pela corrente sanguínea.
Ao chegar nas artérias pulmonares, esse coágulo pode obstruí-las, causando a embolia, uma condição de saúde urgente, que pode levar à falta de ar e à morte súbita.
Quais são as causas da trombose venosa profunda?
A trombose venosa profunda pode ter várias causas, porém, uma das principais é a imobilidade prolongada, ou seja, a permanência em uma mesma posição, sentado ou deitado, por longos períodos.
Essa condição de imobilidade pode ser agravada por fatores como: realização de cirurgias que demandam repouso no pós-operatório ou viagens extensas, em que o indivíduo permanece muitas horas na mesma posição dentro de um meio de transporte como ônibus ou avião.
Lesões nos vasos sanguíneos ou doenças que afetam o fator de coagulação do sangue, assim como a gestação, também podem aumentar a predisposição para a ocorrência de tromboses, assim como: tabagismo, obesidade, uso de alguns tipos de anticoncepcionais, entre outros fatores.
O plano de saúde é obrigado a cobrir o Clexane no tratamento da trombose?
O Clexane é um medicamento anticoagulante, ou seja, ele evita a formação de coágulos e trombos. É vendido como uma solução injetável, ou seja, é aplicado através de seringas.
Esse remédio tem um alto custo, principalmente em função da duração do tratamento, que pode variar de um paciente para o outro. Uma caixa com 10 seringas preenchidas com o medicamento pode passar de R$ 800 e, muitas vezes, o tratamento precisa ser realizado ao longo de meses.
De acordo com a legislação brasileira, um medicamento deve ser coberto pelo plano de saúde sempre que houver indicação médica para isso. A condição para a cessão do remédio pela seguradora de saúde é o registro da substância junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), trâmite já realizado para esse remédio.
Portanto, os planos de saúde devem cobrir o Clexane para o tratamento de trombose venosa profunda.
Como solicitar o Clexane ao plano de saúde?
Para pedir ao plano de saúde a cobertura do Clexane, o paciente precisa, primeiramente, ter em mãos o laudo médico atestando a necessidade da aplicação desse medicamento e a indicação de que nenhuma outra substância pode oferecer os mesmos benefícios para o controle e prevenção de episódios de trombose.
A partir daí, é preciso seguir o procedimento administrativo e encaminhar o pedido à seguradora de saúde, aguardando o tempo regulamentar para a resposta.
Desde então, o paciente deve ficar atento a um argumento que é usado de forma comum por alguns convênios: por fato de o Clexane ser administrado em domicílio e não na rede hospitalar, muitos planos de saúde afirmam que não possuem obrigação de cobrir esse medicamento. Mas isso não justifica a negativa na cessão do remédio.
Além disso, as seguradoras também costumam informar que a cobertura do Clexane não figura no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Porém, vale lembrar que o rol da ANS é apenas exemplificativo, e que medicamentos que possuem registro na Anvisa devem ser cobertos, ainda que não constem de forma literal no rol da ANS.
O que fazer em caso de negativa do plano em oferecer o Clexane?
O primeiro passo para o paciente, em caso de negativa da cobertura do Clexane no tratamento, é exigir uma declaração por escrito da parte da operadora, com a justificativa para a recusa.
O beneficiário deve ficar atento, pois o plano de saúde não pode se negar a fornecer esse documento.
A partir daí, a forma mais rápida de conseguir o direito ao Clexane é entrar com um pedido de liminar na Justiça. Nesses casos, um bom escritório de advocacia, especializado em direito à saúde, pode ajudar o paciente a garantir os seus direitos.
A liminar é uma alternativa importante pois, para uma pessoa com predisposição ao desenvolvimento de trombose, um agravamento do seu quadro de saúde, pode acontecer de forma repentina e grave, como a embolia pulmonar.
Dessa forma, a liminar se caracteriza como um pedido urgente ao juiz para que analise o caso, com o objetivo de salvaguardar a vida e a integridade física do beneficiário.