Tratamentos de Epilepsia: como recorrer por medicamentos e exames negados?

A epilepsia é uma condição neurológica crônica que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, trazendo diversos desafios para o dia a dia e, especialmente, para o tratamento. Em muitos casos, o acesso a medicamentos e exames especializados é essencial para o controle das crises, mas o custo elevado pode se tornar um obstáculo significativo para as famílias. 

Felizmente, a legislação brasileira garante o direito a tratamentos gratuitos e, neste artigo, vamos explorar como as pessoas com epilepsia podem recorrer em casos de negativa para obter medicamentos e exames necessários.

Saiba mais sobre os direitos assegurados por lei para pessoas com epilepsia, como proceder ao ter um tratamento negado e as etapas para garantir o acesso aos cuidados necessários para a qualidade de vida e saúde.

Direitos de acesso a tratamentos e medicamentos gratuitos para epilepsia

O acesso à saúde é um direito fundamental garantido pela Constituição Federal de 1988, que estabelece o Sistema Único de Saúde (SUS) como responsável pela oferta gratuita de tratamentos médicos para toda a população, incluindo as pessoas com epilepsia. A epilepsia é classificada como uma doença crônica, e, portanto, os portadores têm direito a receber, gratuitamente, medicamentos e exames necessários para o controle da doença.

No entanto, para garantir o acesso gratuito, é importante que a condição seja devidamente diagnosticada e que o médico responsável registre a necessidade dos medicamentos e exames. Esse registro servirá como um comprovante essencial caso seja necessário recorrer em situações de negativa de tratamento. Além disso, a lista de medicamentos disponíveis pelo SUS inclui alguns dos medicamentos mais prescritos para o controle da epilepsia, mas, em certos casos, o paciente pode necessitar de medicamentos específicos que não estejam nessa lista. 

Nesses casos, o direito ainda é garantido, mas o processo pode exigir um pedido formal e recursos legais.

O direito ao acesso gratuito a medicamentos e exames para epilepsia é regulamentado por uma série de leis, como a Lei 8.080/1990, que define o SUS, e normas complementares, como a Política Nacional de Medicamentos, que busca garantir a distribuição gratuita de medicamentos de uso contínuo e essencial.

O que fazer ao ter medicamentos ou exames negados pelo SUS?

Mesmo com o respaldo da lei, ainda é comum que pacientes enfrentem negativas de acesso a medicamentos e exames essenciais. O SUS pode, por exemplo, alegar que o medicamento solicitado não faz parte da lista de remédios disponibilizados, ou que exames específicos não são oferecidos em determinada unidade de saúde. Nessas situações, é fundamental que o paciente e sua família saibam como proceder para garantir o tratamento.

Aqui estão os passos básicos que podem ser seguidos ao enfrentar uma negativa:

  1. Obtenha a negativa por escrito: Solicite que o SUS forneça um documento escrito explicando o motivo da negativa. Esse documento é importante para os próximos passos e para fundamentar o pedido caso seja necessário recorrer judicialmente.
  2. Reúna os documentos médicos necessários: Tenha em mãos todos os documentos que comprovem a necessidade do medicamento ou exame, como laudos médicos, receituários e resultados de exames. Esses documentos serão essenciais para fundamentar a importância do tratamento.
  3. Procure a Defensoria Pública ou assistência jurídica: A Defensoria Pública é um recurso gratuito e acessível para pessoas que necessitam de orientação jurídica. Ela pode auxiliar na formulação de um pedido para o SUS, e, se necessário, iniciar um processo judicial para garantir o acesso ao tratamento.
  4. Considere o ingresso de uma ação judicial: Em muitos casos, o acesso a medicamentos e exames negados só é obtido mediante ação judicial. Nesses casos, é recomendável contar com um advogado especializado em direito à saúde para fortalecer o processo e aumentar as chances de sucesso.

Como recorrer judicialmente e o que esperar do processo

O processo judicial para garantir o acesso a medicamentos e exames pode ser uma alternativa necessária e, em muitos casos, eficiente. Quando a via administrativa é insuficiente para obter o direito, a ação judicial torna-se o caminho indicado. 

Esse processo geralmente é movido por meio de uma ação de obrigação de fazer, solicitando que o Estado ou o município seja obrigado a fornecer o tratamento requerido.

Etapas do processo judicial:

  1. Petição inicial: A petição inicial é um documento apresentado pelo advogado com o pedido formal para que o tratamento seja garantido. Nela, são incluídos os detalhes do caso, os documentos médicos, a negativa do SUS e a fundamentação legal para o pedido.
  2. Liminar: Em muitos casos, o advogado pode solicitar uma liminar, que é uma decisão provisória que permite o acesso imediato ao tratamento até que o julgamento final seja realizado. A liminar é especialmente importante em casos onde o atraso no tratamento pode comprometer a saúde do paciente.
  3. Julgamento e sentença: Após a apresentação dos documentos e análise do caso, o juiz emitirá uma decisão final. Quando o processo é bem fundamentado e a necessidade do tratamento é clara, as chances de o juiz decidir em favor do paciente são altas.
  4. Cumprimento da decisão: Caso o juiz conceda o pedido, o Estado ou município será obrigado a fornecer o medicamento ou exame solicitado. Em situações onde o cumprimento não ocorre, o advogado pode solicitar medidas adicionais para garantir o fornecimento do tratamento.

O tempo de duração do processo pode variar, mas as liminares costumam garantir um acesso mais rápido, proporcionando uma solução provisória até que o processo seja finalizado.

Conheça seus direitos e busque auxílio especializado

Saber sobre os direitos de acesso ao tratamento para epilepsia é essencial para garantir uma qualidade de vida melhor e evitar a interrupção de tratamentos essenciais. Os tratamentos para epilepsia muitas vezes exigem medicamentos e exames de alto custo, mas o SUS tem a responsabilidade de garantir que todas as pessoas possam ter acesso ao que é necessário para o controle da doença.

Ao se deparar com a negativa de algum tratamento, o paciente ou seu responsável deve lembrar que possui amparo legal para recorrer, e buscar ajuda é fundamental. A Defensoria Pública, organizações de apoio a pacientes com epilepsia, e advogados especializados em direito à saúde são aliados importantes no processo de assegurar o direito ao tratamento gratuito. Esses profissionais conhecem bem o sistema e podem oferecer o suporte necessário para que o processo seja mais rápido e efetivo.

Além disso, é importante lembrar que o acesso à saúde é um direito universal e garantido por lei. Com o auxílio de especialistas e a persistência, as chances de sucesso são elevadas, e os pacientes podem obter o tratamento adequado, garantindo uma vida com mais qualidade e dignidade.

Conclusão

Ter acesso a medicamentos e exames necessários para o controle da epilepsia é um direito assegurado pela legislação brasileira. Quando há negativa, o caminho para garantir o tratamento pode envolver tanto a via administrativa quanto a judicial. Conhecer seus direitos e buscar ajuda jurídica são etapas essenciais para que as pessoas com epilepsia possam obter os cuidados necessários de forma gratuita.

O sistema de saúde brasileiro pode ter suas falhas, mas a legislação e a assistência jurídica estão a favor dos pacientes. 

Com um diagnóstico correto e o suporte de profissionais especializados, é possível superar os obstáculos e garantir que a saúde seja prioridade. Se você ou alguém que conhece enfrenta dificuldades no tratamento da epilepsia, saiba que há caminhos e recursos disponíveis para garantir a continuidade dos cuidados essenciais.

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