O que você precisa saber sobre o Transplante de Medula óssea

O transplante de medula óssea é um procedimento médico complexo que oferece esperança para pacientes com doenças graves do sangue, como leucemia, linfoma e mieloma múltiplo. Através da substituição da medula óssea doente por células saudáveis de um doador, o corpo do paciente tem a chance de se recuperar e combater a doença.

Neste post, vamos abordar os principais aspectos do transplante de medula óssea, desde o seu funcionamento até os direitos dos pacientes. O objetivo é oferecer um guia completo e informativo para quem busca informações sobre essa importante alternativa de tratamento.

Confira agora!

O que é transplante de medula óssea?

A medula óssea é um tecido esponjoso encontrado dentro dos ossos longos do corpo. Ela é responsável pela produção de células sanguíneas, como glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. Em doenças como a leucemia, a medula óssea fica doente e produz células anormais, comprometendo a produção de células saudáveis.

O transplante de medula óssea visa substituir a medula doente por células saudáveis de um doador compatível. As células do doador, chamadas de células-tronco hematopoiéticas, são capazes de se implantar na medula óssea do paciente e produzir novas células sanguíneas sadias.

A compatibilidade para um transplante de medula óssea é crucial para o sucesso do procedimento. Encontrar um doador compatível significa encontrar alguém cujas células-tronco hematopoiéticas possuam características genéticas semelhantes às do paciente, diminuindo o risco de rejeição e aumentando as chances de um resultado positivo.

  • Irmãos: a chance de compatibilidade HLA total entre irmãos do mesmo pai e da mesma mãe é de 25%.
  • Doadores não aparentados: a busca por doadores compatíveis não familiares é realizada através de registros internacionais como o REDOME (Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea). A chance de encontrar um doador compatível no REDOME varia de acordo com as características genéticas do paciente, mas pode chegar a 1 em 100.000.
  • Doador haploidêntico: em casos específicos, quando não é possível encontrar um doador totalmente compatível, pode ser considerado um doador haploidêntico, geralmente um familiar próximo como pai ou mãe. Nesses casos, a compatibilidade é de 50%, o que aumenta o risco de rejeição e DECH, exigindo um acompanhamento médico mais rigoroso.

Quando o transplante de medula óssea é indicado?

O transplante de medula óssea é considerado uma opção terapêutica para diversas doenças do sangue, como:

  • Leucemia: mieloide aguda (LMA), linfoide aguda (LLA), mieloide crônica (LMC), linfoide crônica (LLC) e outras.
  • Linfoma: Linfoma de Hodgkin e Linfoma Não Hodgkin.
  • Mieloma Múltiplo.
  • Mielodisplasias.
  • Doenças autoimunes graves, como anemia aplásica grave.

A decisão de realizar um transplante de medula óssea é tomada por uma equipe médica especializada, levando em consideração diversos fatores, como a idade e saúde geral do paciente, o tipo e estágio da doença, a disponibilidade de um doador compatível e os riscos do procedimento.

Tipos de transplante de medula óssea

Existem dois tipos principais de transplante de medula óssea:

  • Transplante autólogo: nesse tipo de transplante, as células-tronco hematopoiéticas são coletadas do próprio paciente antes do início do tratamento quimioterápico ou radioterápico. As células são então preservadas e reinfundidas no paciente após a destruição da medula óssea doente.
  • Transplante alogênico: nesse tipo de transplante, as células-tronco hematopoiéticas são provenientes de um doador compatível, geralmente um irmão ou familiar próximo. Em alguns casos, doadores não aparentados podem ser encontrados através do REDOME.

Transplante de medula óssea pelo SUS e planos de saúde

A lei garante o acesso ao transplante de medula óssea pelo SUS ou custeado pelo plano de saúde para garantir o direito à saúde e à vida de pacientes com doenças graves. No Brasil, tanto o Sistema Único de Saúde (SUS) quanto os planos de saúde possuem obrigações de cobertura para o transplante, conforme legislações específicas.

SUS: o SUS garante o custeio do transplante de medula óssea, tanto autólogo quanto alogênico, para as doenças listadas na Portaria nº 2.696/2009 do Ministério da Saúde. Essa lista inclui diversas doenças do sangue, como leucemias, linfomas, mieloma múltiplo e anemias aplásticas graves.

A lista completa da Portaria nº 2.696/2009 pode ser consultada no site do Ministério da Saúde.

Para ter acesso à cobertura pelo SUS, o paciente deve seguir os seguintes passos:

  1. Solicitação do transplante: A solicitação deve ser feita por um médico especialista em hematologia, que integrará uma equipe multiprofissional para avaliar o caso e indicar o tipo de transplante mais adequado.
  2. Avaliação pela junta médica: O paciente será submetido à avaliação por uma junta médica do SUS, que analisará os critérios clínicos e a documentação necessária para autorizar o procedimento.
  3. Cadastro no REDOME: O paciente deve se cadastrar no REDOME (Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea) para aumentar as chances de encontrar um doador compatível.
  4. Acompanhamento médico: O paciente terá acompanhamento médico durante todo o processo, desde a avaliação inicial até a recuperação pós-transplante.

Planos de Saúde: os planos de saúde são obrigados a cobrir o transplante de medula óssea conforme determinado pela Lei nº 9.656/98 e pela Resolução Normativa nº 421/2010 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Para ter acesso à cobertura pelos planos de saúde, o paciente deve seguir os seguintes passos:

  1. Verificar a cobertura no plano: O paciente deve consultar o contrato do seu plano de saúde para verificar se o transplante de medula óssea está incluso na cobertura.
  2. Solicitação do transplante: A solicitação deve ser feita por um médico especialista em hematologia, que integrará uma equipe multiprofissional para avaliar o caso e indicar o tipo de transplante mais adequado.
  3. Apresentação da documentação: O paciente deve apresentar ao plano de saúde a documentação necessária para o custeio do transplante, incluindo laudos médicos, exames complementares e prescrições médicas.
  4. Análise do plano de saúde: O plano de saúde tem o prazo legal de 30 dias para analisar a solicitação e fornecer uma resposta ao paciente.

Lembre-se: o transplante de medula óssea é um procedimento complexo e que requer acompanhamento médico especializado. É fundamental que o paciente busque todas as informações necessárias e esteja ciente de seus direitos para garantir um tratamento adequado e de qualidade.

Vale ainda reforçar que, caso o procedimento seja negado pelo plano de saúde ou ainda pelo SUS, o mais indicado é procurar um advogado especializado em Direito da Saúde para que a decisão seja recorrida na Justiça. 

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