Glivec pelo SUS: uma alternativa eficaz no tratamento do câncer

Em uma rápida pesquisa na internet sobre o medicamento Glivec é possível se dar conta da importância de sua distribuição pelo Sistema Único de Saúde (SUS): o valor de uma caixa com 30 comprimidos pode, facilmente, ultrapassar os mil reais.

Felizmente, no Brasil, todos os cidadãos, desde que com indicação médica, têm o direito de retirar o remédio gratuitamente pelo SUS, garantindo assim, o direito de todos os brasileiros ao acesso a tratamentos de saúde.

Isso acontece porque, desde 2012, o Ministério da Saúde iniciou a fabricação nacional do medicamento, o que significou uma economia de R$ 337 milhões, em cinco anos, na comparação com o medicamento comprado de um laboratório estrangeiro.

Mas você sabia que o Glivec – cujo princípio ativo é o mesilato de imatinibe – representou uma revolução no tratamento da leucemia em todo o mundo? E que esse medicamento é considerado um marco nas terapias-alvo?

Neste artigo, vamos saber mais a fundo como funciona e a importância desse medicamento.

O que é uma terapia-alvo no tratamento do câncer?

Para começar, precisamos entender as nomenclaturas utilizadas no meio oncológico. Uma terapia-alvo é qualquer processo de tratamento de uma doença que procura um alvo específico no organismo humano.

Vamos dar como exemplo a quimioterapia no tratamento do câncer. Quando as primeiras substâncias quimioterápicas surgiram, elas destruiam as células cancerosas, mas também afetavam as células saudáveis da pele, do couro cabeludo, do intestino e de outros sistemas.

Isso levava os pacientes a severos efeitos colaterais, como queda da imunidade, perda do cabelo, ressecamento da pele e de mucosas como a da boca, diarreias ou prisão de ventre, entre outros sintomas indesejáveis.

A terapia-alvo consiste justamente em realizar tratamentos com substâncias ou técnicas que atacam o alvo – as células doentes – mas preservam as células saudáveis. Esse se tornou um dos principais objetivos das pesquisas científicas de tratamento contra o câncer, pois promove maior qualidade de vida aos pacientes.

Como o Glivec atua?

O Glivec é indicado para o tratamento de pacientes com leucemia mieloide crônica (LMC) e leucemia linfoblástica aguda com cromossomo Philadélfia positivo (LLA Ph+). Segundo projeções do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil deve ter, em 2024, mais de 11 mil novos diagnósticos de leucemias.

O Glivec atua inibindo a presença de uma enzima que está relacionada ao desenvolvimento da mutação que caracteriza essas leucemias. O medicamento é eficaz porque é um inibidor seletivo, ou seja, elimina a enzima envolvida no processo de mutação das células, mas não interfere no funcionamento das demais.

Por isso, o Glivec é tido como um tratamento mais eficaz e com menos efeitos colaterais. Além disso, o uso do remédio também diminui a indicação do transplante de medula óssea, procedimento complexo e suscetível a complicações.

Como conseguir o Glivec pelo SUS?

Pacientes com LMC ou LLA Ph+ têm o direito de obter o Glivec através do SUS. Essa é a jurisprudência que tem sido observada em decisões de magistrados, uma vez que o medicamento tem o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Como o Glivec tem comprovada atuação no controle da doença e na redução dos efeitos colaterais – quando comparado a outros medicamentos – chega-se à conclusão de que essa substância oferece uma vantagem terapêutica que nenhum outro medicamento oferece com igual eficácia.

Vários hospitais de referência em tratamento de leucemias, em todo o país, fazem a distribuição do Glivec aos pacientes pelo SUS, desde que com a apresentação do laudo médico.

Por isso, o primeiro passo para conseguir o Glivec pelo SUS é se dirigir até a Unidade Básica de Saúde (UBS) ou Unidade de Saúde da Família (USF) do seu bairro ou da sua região e relatar os seus sintomas.

A partir daí, se julgar necessário, o médico vai fazer o encaminhamento para o serviço especializado em oncologia, onde outros exames vão afastar ou confirmar a existência da doença. Em caso de diagnóstico para LMC ou LLA Ph+, o paciente precisa do laudo médico atestando a doença e apontando o Glivec como opção terapêutica.

A partir daí, o paciente precisa se encaminhar a um centro de medicamentos de alto custo do seu estado ou região, em poder do seu documento de identidade, laudo médico e comprovante de residência. Ao fazer o pedido do medicamento, não deixe de anotar o número do protocolo de atendimento e o prazo para resposta sobre o medicamento.

Caso o Glivec seja negado, ou esteja em falta, recomendamos que o paciente busque um advogado ou escritório especializado em direito à saúde, que poderá entrar com medidas emergenciais para garantir o direito do cidadão ao tratamento.

O plano de saúde pode se negar a cobrir o Glivec?

Não, os planos de saúde devem fornecer o Glivec aos pacientes, por ser um medicamento essencial para o tratamento de leucemias como a LMC e a LLA PH+.

Mesmo que o medicamento não esteja no rol de procedimentos da ANS, ele possui registro na Anvisa, o que tem sido entendido pela jurisprudência como condição para a cobertura pelos planos de saúde, visto o direito de todo cidadão brasileiro ao tratamento de saúde.

Em caso de negativa do plano de saúde, também recomendamos a busca por um escritório de advocacia especializado em direito à saúde, que poderá orientar o paciente e dar encaminhamento às medidas legais.

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