Risco de trombose em viagens longas: Como se proteger?

Viajar longas distâncias, seja de avião, carro ou ônibus, é uma prática comum para muitas pessoas. No entanto, o que nem todos sabem é que essas viagens podem aumentar o risco de desenvolver trombose, uma condição potencialmente grave que ocorre quando se formam coágulos sanguíneos, geralmente nas veias das pernas. 

No Brasil, a trombose venosa profunda (TVP) é uma condição que afeta uma parte significativa da população. De acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), estima-se que cerca de 180 mil novos casos de trombose venosa profunda ocorram anualmente no país.

Neste artigo, explicaremos o que é a trombose, por que o risco aumenta em viagens longas, como se proteger, e também abordaremos os direitos garantidos por lei para quem precisa de tratamento.

Confira agora!

O que é a trombose?

A trombose venosa profunda (TVP) é uma condição médica que ocorre quando um coágulo de sangue se forma nas veias profundas do corpo, geralmente nas pernas. Este coágulo pode bloquear o fluxo sanguíneo parcial ou totalmente, causando inchaço, dor e vermelhidão. 

A trombose é mais comum em pessoas acima dos 40 anos, mas pode afetar pessoas de todas as idades, especialmente aquelas com fatores de risco, como histórico familiar, obesidade, sedentarismo, gravidez, entre outros. Além disso, o risco de trombose aumenta significativamente em pessoas que permanecem longos períodos imobilizadas, como em viagens prolongadas ou durante internações hospitalares.

A complicação mais séria da TVP é quando o coágulo se solta e viaja até os pulmões, resultando em uma embolia pulmonar, que pode ser fatal.

A trombose pode afetar qualquer pessoa, mas há fatores que aumentam o risco, como:

  • Permanecer sentado por longos períodos (como em viagens longas);
  • Histórico familiar de trombose;
  • Condições médicas, como obesidade, câncer ou doenças cardíacas;
  • Uso de anticoncepcionais ou reposição hormonal;
  • Idade avançada.

Em viagens longas, o risco de trombose aumenta devido à imobilidade prolongada, que pode reduzir o fluxo sanguíneo nas pernas, favorecendo a formação de coágulos.

Trombose em viagens: entenda o risco

Por que o risco aumenta em viagens longas?

Durante viagens longas, especialmente em aviões, ônibus ou carros onde o espaço para movimentação é restrito, as pessoas tendem a ficar sentadas por horas. Essa imobilidade afeta o fluxo sanguíneo nas pernas, tornando-o mais lento e favorecendo a formação de coágulos.

Além da imobilidade, outros fatores durante uma viagem podem contribuir para o risco de trombose, como a desidratação, que pode tornar o sangue mais espesso, e a pressão reduzida em cabines de avião, que pode afetar a circulação.

Quem está em maior risco?

Embora qualquer pessoa possa desenvolver trombose em uma viagem longa, algumas pessoas têm maior risco, incluindo:

  • Idosos: O risco de trombose aumenta com a idade.
  • Pessoas com histórico de trombose: Quem já teve trombose ou tem histórico familiar de coágulos sanguíneos.
  • Grávidas ou mulheres no pós-parto: A gravidez aumenta o risco de trombose devido às alterações hormonais e ao aumento da pressão sobre as veias pélvicas.
  • Pessoas com problemas de saúde: Condições como obesidade, câncer, insuficiência cardíaca e doenças inflamatórias crônicas aumentam o risco de formação de coágulos.

Para quem se enquadra nessas categorias de risco, é ainda mais importante tomar precauções durante viagens prolongadas.

Como se proteger da trombose em viagens longas?

Movimente-se regularmente

A maneira mais eficaz de prevenir a trombose em viagens longas é manter o sangue circulando nas pernas. Para isso:

  • Levante-se e ande: Se estiver em um avião ou ônibus, tente se levantar e caminhar no corredor a cada 1 a 2 horas.
  • Exercícios sentado: Se levantar não for uma opção, faça exercícios simples, como flexionar e estender os pés, ou levantar os calcanhares e os dedos dos pés alternadamente enquanto está sentado.
  • Use roupas confortáveis: Roupas apertadas podem dificultar a circulação sanguínea. Prefira roupas mais folgadas durante a viagem.

Mantenha-se hidratado

A desidratação pode aumentar a espessura do sangue, o que contribui para a formação de coágulos. Durante a viagem, beba bastante água e evite bebidas alcoólicas e cafeinadas, que podem aumentar a desidratação.

Use meias de compressão

As meias de compressão ajudam a melhorar a circulação sanguínea nas pernas, reduzindo o risco de trombose. Essas meias são especialmente recomendadas para pessoas que estão em maior risco de desenvolver a condição.

Medicamentos preventivos

Em alguns casos, médicos podem prescrever medicamentos anticoagulantes antes de uma viagem longa para reduzir o risco de formação de coágulos sanguíneos. Se você está em uma categoria de risco ou já teve trombose, consulte seu médico antes da viagem para saber se há necessidade de tomar medicamentos preventivos.

Seus direitos: tratamento gratuito e cobertura pelo plano

Tratamento de Trombose pelo SUS

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para trombose venosa profunda e embolia pulmonar. Desde o diagnóstico até o tratamento com medicamentos anticoagulantes, os pacientes têm direito a atendimento sem custos. 

Além disso, o SUS disponibiliza exames como ultrassonografia doppler, que é essencial para o diagnóstico da trombose.

Cobertura de tratamento pelos Planos de Saúde

Os planos de saúde são obrigados a cobrir o tratamento para trombose, conforme determinado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Isso inclui consultas com especialistas, exames e medicamentos necessários para o tratamento e prevenção de novas tromboses. 

Caso o plano de saúde negue a cobertura do tratamento, o paciente pode recorrer à Justiça, pois o direito à saúde é garantido pela Constituição Federal.

Além disso, se o paciente já tem um histórico de trombose e precisa de medicamentos de uso contínuo ou procedimentos preventivos, como o uso de meias de compressão de grau médico, o plano de saúde também deve cobrir esses itens, desde que sejam prescritos por um médico.

Como recorrer em caso de negativa?

Se o plano de saúde negar a cobertura do tratamento, o paciente pode registrar uma reclamação junto à ANS ou buscar assistência jurídica. A Justiça frequentemente decide em favor do paciente, assegurando o direito ao tratamento adequado. 

Contar com um advogado especializado em direito da saúde pode ser fundamental para garantir seus direitos.

O risco de trombose em viagens longas é uma preocupação real, mas com as medidas preventivas adequadas, é possível minimizar significativamente esse risco. Movimentar-se, manter-se hidratado e usar meias de compressão são estratégias simples, mas eficazes. 

Para aqueles que já têm um histórico de trombose ou estão em maior risco, a consulta médica prévia e o uso de medicamentos preventivos são fundamentais.

Além disso, os direitos garantidos pela legislação brasileira asseguram que qualquer pessoa que sofra de trombose tenha acesso a tratamento gratuito pelo SUS ou pelos planos de saúde. Caso haja uma negativa de cobertura, é possível recorrer à Justiça para garantir o direito ao tratamento. 

Se você ou um ente querido está em busca de orientação sobre como garantir seus direitos, a equipe da Kobi Advogados está à disposição para oferecer o suporte jurídico necessário e garantir que o tratamento adequado seja fornecido.

Sintomas da trombofilia: identifique os primeiros sinais e previna complicações

A capacidade de coagulação do sangue é uma vantagem evolutiva que conferiu ao ser humano a possibilidade de se curar de cortes e feridas. Ela é caracterizada pela habilidade de determinadas células do sangue – chamadas de plaquetas – em formar um trombo, que bloqueia sangramentos e evita hemorragias.

No entanto, em algumas pessoas, existe uma tendência de formação de trombos em locais que não ocorrem sangramentos, como dentro dos vasos sanguíneos. 

Essa condição é chamada de trombofilia e pode facilitar a ocorrência de episódios de trombose e de embolia pulmonar, uma condição urgente de saúde.

Neste artigo, você vai aprender a identificar os sintomas da trombose e da embolia, conhecer o manejo orientado pelos médicos e aprender a prevenir situações de risco.

Confira!

Quais são os primeiros sintomas de trombofilia?

A trombose acontece de forma mais comum nos vasos sanguíneos localizados nas pernas. 

Ela pode apresentar sintomas como:

  • Dor aguda, 
  • inchaço no local, 
  • sensação de calor na região afetada 
  • e endurecimento da área acometida. 
  • A pele também pode ficar avermelhada ou até mesmo arroxeada.

Pacientes com trombofilia são mais suscetíveis ao desenvolvimento de tromboses. Essas pessoas têm maior probabilidade de desenvolver trombos por conta de fatores genéticos e hereditários, problemas na síntese de proteínas e também disfunções na produção de alguns tipos de anticorpos.

Pacientes diagnosticados com esses problemas, devem manter uma rotina de cuidados para evitar se expor a fatores desencadeantes da trombose.

O que fazer para prevenir complicações da trombose?

Caso o paciente comece a desenvolver os sintomas da trombose, o primeiro passo é procurar o serviço de emergência o mais rápido possível. Na emergência, um médico poderá avaliar o quadro e iniciar os procedimentos para impedir a complicação do quadro.

A melhor forma de atuar diante de uma trombofilia, na verdade, é prevenir o surgimento da trombose. Para isso, o paciente deve ser à risca a medicação anticoagulante prescrita pelo seu médico, que vai evitar a formação de trombos pelo organismo.

Além disso, o paciente também deve observar algumas outras condutas, como:

  • Evitar o tabagismo e a ingestão de bebidas alcoólicas;
  • Controlar o peso e evitar a obesidade, condição que também é um fator de risco para o desenvolvimento de tromboses;
  • Evitar ficar sentado muitas horas na mesma posição, movimentando-se periodicamente para estimular a circulação sanguínea no corpo;
  • Utilizar meias elásticas, que facilitam o retorno do sangue das pernas para o coração;

Quais as causas da trombofilia?

A trombofilia é uma condição de saúde em que o organismo tem maiores chances de desenvolver coágulos, mesmo em locais em que não existem cortes ou ferimentos.

Um dos desafios desse tipo de condição de saúde é que ele pode se desenvolver de forma silenciosa até que uma quadro agudo e potencialmente grave acontece: episódios de trombose, embolia pulmonar, AVC ou, no caso das mulheres, maior risco para insucesso da gravidez, tanto em fases iniciais, quanto em estágio avançado da gestação.

Falando nas mulheres, a saúde delas pode ser particularmente afetada por trombofilias devido à influência que os hormônios exercem sobre essa condição. O uso de remédios anticoncepcionais pode aumentar em até 30 vezes o risco de desenvolvimento de tromboses.

A menopausa e a gravidez também podem provocar alterações hormonais que têm potencial para aumentar o risco de tromboses, da mesma forma que a reposição hormonal. Por isso, todas essas variáveis devem sempre ser muito bem avaliadas por um médico.

Para homens e mulheres, como já citado, causas genéticas e hereditárias podem aumentar o risco de trombofilias. Entre elas, podemos citar: deficiência de determinadas proteínas e mutação no gene da protrombina, entre outras causas.

O risco da embolia pulmonar

A embolia pulmonar é uma condição grave e urgente de saúde, decorrente da trombose venosa profunda. Esse tipo de trombose se caracteriza quando um coágulo se forma no interior de veias profundas, normalmente das pernas, na região da panturrilha. Eventualmente, porém, esse coágulo pode se formar na região das coxas ou nos braços.

Quando esse coágulo se desprende de seu ponto original e viaja pela corrente sanguínea, ele pode obstruir uma artéria pulmonar, causando graves complicações para o paciente. O bloqueio de uma artéria pulmonar impede a chegada de sangue, causando a morte do tecido na região.

Isso leva o paciente a sentir falta de ar e dor ao respirar. Essa é uma condição de saúde urgente e a pessoa afetada deve ser imediatamente levada ao atendimento médico de urgência, pois há risco de morte.

Toda pessoa com trombofilia deve tomar anticoagulantes?

A prescrição de qualquer medicamento deve ser feita apenas por um médico, após uma criteriosa avaliação do quadro clínico do paciente. O uso de medicações anticoagulantes certamente traz benefícios para pessoas com trombofilias, mas também pode elevar alguns riscos.

Por isso, a indicação de medicações para pacientes com trombofilias deve ser feita apenas por um médico.

Trombose: o plano de saúde cobre Clexane? Saiba mais!

A trombose venosa profunda é uma doença que merece bastante atenção, pois é um quadro potencialmente grave e que pode se tornar um quadro de embolia pulmonar, uma complicação que pode ser fatal e cuja evolução pode ser surpreendentemente rápida.

Felizmente, há medicamentos com ação terapêutica de grande taxa de sucesso no tratamento da trombose, como o Clexane. Mas será que os planos de saúde cobrem a utilização desse remédio?

Medicamento cujo princípio ativo é a enoxaparina sódica, o Clexane tem a capacidade não apenas de tratar, como também de prevenir a formação de trombos. Por isso, ele é muito conhecido na angiologia, especialidade médica que se dedica às doenças que afetam os vasos sanguíneos.

O que é a trombose venosa profunda?

A trombose venosa profunda é uma doença potencialmente grave que se configura quando coágulos, também chamados de trombos, se instalam nas paredes de vasos sanguíneos, normalmente nas pernas.

A acumulação desses coágulos pode até mesmo entupir a passagem do fluxo sanguíneo pelo local, levando ao surgimento de inchaços, vermelhidão e sensação de calor na região afetada. O paciente também pode sentir dor no local e perceber o endurecimento da musculatura.

Quais as complicações da trombose venosa profunda?

No local, a longo prazo, a trombose venosa profunda pode levar a uma condição chamada insuficiência venosa crônica, também conhecida como síndrome pós-flebítica.

Essa condição se caracteriza pela destruição de válvulas existentes nos vasos sanguíneos, que têm como função impedir o retorno do sangue por ação da força da gravidade, garantindo que o fluxo sanguíneo suba da parte de baixo para a região superior do corpo, em direção ao coração.

Isso pode levar a graves problemas circulatórios nos pacientes acometidos.

No entanto, outra complicação potencialmente perigosa é a embolia pulmonar, que acontece quando um trombo se descola da parede de um vaso e é carregado pela corrente sanguínea.

Ao chegar nas artérias pulmonares, esse coágulo pode obstruí-las, causando a embolia, uma condição de saúde urgente, que pode levar à falta de ar e à morte súbita.

Quais são as causas da trombose venosa profunda?

A trombose venosa profunda pode ter várias causas, porém, uma das principais é a imobilidade prolongada, ou seja, a permanência em uma mesma posição, sentado ou deitado, por longos períodos.

Essa condição de imobilidade pode ser agravada por fatores como: realização de cirurgias que demandam repouso no pós-operatório ou viagens extensas, em que o indivíduo permanece muitas horas na mesma posição dentro de um meio de transporte como ônibus ou avião.

Lesões nos vasos sanguíneos ou doenças que afetam o fator de coagulação do sangue, assim como a gestação, também podem aumentar a predisposição para a ocorrência de tromboses, assim como: tabagismo, obesidade, uso de alguns tipos de anticoncepcionais, entre outros fatores.

O plano de saúde é obrigado a cobrir o Clexane no tratamento da trombose?

O Clexane é um medicamento anticoagulante, ou seja, ele evita a formação de coágulos e trombos. É vendido como uma solução injetável, ou seja, é aplicado através de seringas.

Esse remédio tem um alto custo, principalmente em função da duração do tratamento, que pode variar de um paciente para o outro. Uma caixa com 10 seringas preenchidas com o medicamento pode passar de R$ 800 e, muitas vezes, o tratamento precisa ser realizado ao longo de meses.

De acordo com a legislação brasileira, um medicamento deve ser coberto pelo plano de saúde sempre que houver indicação médica para isso. A condição para a cessão do remédio pela seguradora de saúde é o registro da substância junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), trâmite já realizado para esse remédio.

Portanto, os planos de saúde devem cobrir o Clexane para o tratamento de trombose venosa profunda.

Como solicitar o Clexane ao plano de saúde?

Para pedir ao plano de saúde a cobertura do Clexane, o paciente precisa, primeiramente, ter em mãos o laudo médico atestando a necessidade da aplicação desse medicamento e a indicação de que nenhuma outra substância pode oferecer os mesmos benefícios para o controle e prevenção de episódios de trombose.

A partir daí, é preciso seguir o procedimento administrativo e encaminhar o pedido à seguradora de saúde, aguardando o tempo regulamentar para a resposta.

Desde então, o paciente deve ficar atento a um argumento que é usado de forma comum por alguns convênios: por fato de o Clexane ser administrado em domicílio e não na rede hospitalar, muitos planos de saúde afirmam que não possuem obrigação de cobrir esse medicamento. Mas isso não justifica a negativa na cessão do remédio.

Além disso, as seguradoras também costumam informar que a cobertura do Clexane não figura no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Porém, vale lembrar que o rol da ANS é apenas exemplificativo, e que medicamentos que possuem registro na Anvisa devem ser cobertos, ainda que não constem de forma literal no rol da ANS.

O que fazer em caso de negativa do plano em oferecer o Clexane?

O primeiro passo para o paciente, em caso de negativa da cobertura do Clexane no tratamento, é exigir uma declaração por escrito da parte da operadora, com a justificativa para a recusa.

O beneficiário deve ficar atento, pois o plano de saúde não pode se negar a fornecer esse documento.

A partir daí, a forma mais rápida de conseguir o direito ao Clexane é entrar com um pedido de liminar na Justiça. Nesses casos, um bom escritório de advocacia, especializado em direito à saúde, pode ajudar o paciente a garantir os seus direitos.

A liminar é uma alternativa importante pois, para uma pessoa com predisposição ao desenvolvimento de trombose, um agravamento do seu quadro de saúde, pode acontecer de forma repentina e grave, como a embolia pulmonar.

Dessa forma, a liminar se caracteriza como um pedido urgente ao juiz para que analise o caso, com o objetivo de salvaguardar a vida e a integridade física do beneficiário.

Como a Trombofilia afeta a mãe e bebê

A maternidade é um sonho almejado por muitas mulheres, que desde cedo se imaginam com seus filhos nos braços. No entanto, esse caminho muitas vezes é desafiado por obstáculos dolorosos, como abortos espontâneos ou dificuldades de engravidar.

Cerca de 20 a 30% das gestações resultam em aborto espontâneo, sendo que em 15% desses casos, há ocorrência de repetição. Diversos fatores podem influenciar a saúde gestacional e entre eles a trombofilia emerge como uma condição delicada, capaz de impactar tanto a mãe quanto o bebê durante a gravidez.

É importante que mulheres que desejam engravidar ou que já estejam tentando investiguem o mais cedo possível se essa é uma condição que pode acometê-las, pois só após as perdas é que as pacientes procuram investigar e descobrem que a causa pode estar relacionada às trombofilias.

Como o tratamento das gestantes com trombofilia necessita de medicamento de altíssimo custo, fique atenta aos sinais que vamos esclarecer a seguir, inclusive sobre como conseguir o tratamento pelo SUS ou plano de saúde.

Gravidez e Trombofilia

A trombofilia é uma condição de saúde caracterizada pela maior facilidade em formar coágulos sanguíneos, aumentando o risco do indivíduo apresentar problemas como trombose venosa, embolia pulmonar ou acidente vascular cerebral (AVC). Popularmente falando, é uma tendência ao chamado “sangue grosso”, que, na prática, contribui para o entupimento de veias.

Nesse sentido, um dos fatores desencadeantes da trombofilia é a gravidez, condição que torna o sangue mais propenso a formar coágulos e que ocorre para proteger a mulher da possibilidade de hemorragia durante o parto. O risco de uma trombose ocorrer no pós parto, por exemplo, pode ser superior a 30 vezes mais na gestação.

No caso das gestantes, a trombofilia pode colocar em risco a vida da mãe e a do bebê.

Normalmente as mulheres grávidas com trombofilia têm uma gestação considerada de alto risco com demanda de um acompanhamento médico mais rigoroso, incluindo avaliações clínicas e exames de ultrassom mais frequentes, além de exames de sangue contínuos para monitorar o estado de coagulação.

Riscos da Trombofilia para a gestante e para o bebê

  • Aborto Recorrente: a trombofilia pode aumentar as chances de abortos espontâneos, especialmente se não for diagnosticada e tratada.
  • Pré-eclâmpsia: existe um maior risco de desenvolver pré-eclâmpsia, uma condição caracterizada por pressão alta e presença de proteína na urina após a 20ª semana de gestação. Isso pode ser perigoso tanto para a mãe quanto para o feto.
  • Trombose Venosa Profunda (TVP) e Embolia Pulmonar (EP): a trombofilia pode aumentar o risco de formação de coágulos sanguíneos, levando a condições graves como trombose venosa profunda ou embolia pulmonar.
  • Restrição de Crescimento Intrauterino (RCIU): pode haver restrição no crescimento do feto devido a problemas no fluxo sanguíneo uterino.
  • Parto Prematuro: a trombofilia pode aumentar o risco de parto prematuro, o que pode trazer complicações para o bebê.
  • Complicações Placentárias: a formação de coágulos pode afetar a placenta, causando complicações como descolamento prematuro, o que pode ser perigoso para o feto e a mãe.

Causas da Trombofilia

Existem duas possibilidades para a incidência desse distúrbio físico. Uma é a trombofilia hereditária, quando a condição está ligada a fatores genéticos. Outra é quando essa condição é adquirida, podendo ser desencadeada por diversos fatores que aumentam a coagulação do sangue.

  • Trombofilia hereditária: 

Condição herdada, quando há histórico familiar de trombose e predisposição à diminuição do fluxo sanguíneo, presente desde o nascimento. Esse tipo de trombofilia está caracterizado por um defeito genético em marcadores envolvidos no processo ou através da diminuição de algumas proteínas que participam da coagulação. 

O risco deste tipo de trombofilia aumenta quando a genética é associada a situações como gestação, idade avançada e outros fatores de risco.

  • Trombofilia adquirida: 

É desenvolvida ao longo da vida devido a certas condições médicas, situações específicas ou fatores adquiridos. O quadro mais comum é o da síndrome antifosfolípide, ligada à produção de um tipo de anticorpo que estimula a coagulação. Essa condição representa cerca de 60% dos casos. 

Também pode ser desencadeada por doenças autoimunes como lúpus, certos tipos de câncer, diabetes e obesidade.

Certos medicamentos, como terapia hormonal, contraceptivos orais, alguns tipos de quimioterapia e medicamentos para estimular a produção de células sanguíneas, podem aumentar o risco de coágulos sanguíneos.

Cirurgias extensas, traumatismos graves ou imobilização prolongada, como em casos de repouso na cama devido a lesões, também podem aumentar o risco de desenvolver trombofilia adquirida.

Como diagnosticar a Trombofilia?

A trombofilia é diagnosticada por meio de exame de sangue, que procura as mutações genéticas relacionadas à coagulação sanguínea. 

Estudos de imagem, como a Ultrassonografia Doppler, também são importantes para localizar coágulos, assim como a Ressonância Magnética ou Tomografia Computadorizada que são usadas em casos específicos para identificar coágulos em outras partes do corpo, como pulmões ou cérebro.

O histórico clínico levantado pelo médico também poderá dar indicações da condição.

Muitas vezes a trombofilia é assintomática, mas um dos sinais de alerta é o inchaço repentino de uma extremidade. As gestantes que têm pré-eclâmpsia antes de 34 semanas de gravidez também devem ficar atentas. Outro sinal de alerta é quando a barriga da mãe cresce pouco, já que o bebê não se desenvolve como esperado.

Tratamento da Trombofilia na gestação

O tratamento da trombofilia é feito com medicamentos anticoagulantes que “afinam o sangue” para evitar a coagulação sanguínea. 

Os medicamentos mais utilizados são a heparina (via intravenosa), heparina de baixo peso molecular (injeções abaixo da pele) e warfarina (via oral). Em caso de gestação, a heparina de baixo peso molecular é frequentemente prescrita para reduzir o risco de coágulos sanguíneos durante a gravidez, pois a substância não ultrapassa a barreira placentária e por isso não afeta o bebê. 

Cada caso deve ser avaliado de forma independente, mas de preferência, a suspensão da terapia com heparina deve ocorrer 24 horas antes da administração da anestesia epidural/raqui e retomada depois de parto por até seis semanas.

Especialistas afirmam que com o tratamento adequado e iniciado precocemente, entre 85-90% das gestantes com trombofilia conseguem ter uma gravidez sem complicações. Ainda assim, é importante destacar que mesmo com o tratamento, a gestação de mulheres com trombofilia é sempre de alto risco. Por isso, é preciso fazer um pré-natal rigoroso, acompanhando bem de perto a saúde da mãe e do bebê.

Apesar da importância do tratamento na vida de mulheres que desejam ser mães, muitas delas não conseguem acesso ao medicamento de alto custo. Pela necessidade de ser aplicado durante toda gestação e puerpério, o tratamento se torna inviável para boa parte da população.

Atualmente, o SUS oferece a Enoxaparina Sódica às gestantes portadoras de trombofilia, o problema é que há uma escassez na distribuição do produto. Por esta razão, muitas pacientes precisam solicitar o medicamento via judicial.

Já os planos de saúde constantemente negam os pedidos pelo custeio do tratamento, além de negarem ou dificultarem a realização de exames constantes e necessário no acompanhamento rigoroso da condição em gestantes. Nesses casos também cabe à paciente procurar por via judicial o cumprimento de seus direitos. 

Devido à gravidade da trombofilia para a saúde do bebê e da mãe, é altamente recomendado contar com a ajuda de advogados especializados em ações de Direito à Saúde.

Eles possuem expertise para preparar o caso de maneira mais assertiva possível, além de terem conhecimento aprofundado para acelerar o resultado e obter vitória diante dos argumentos do SUS ou do plano de saúde.

Pré-natal, exames, tratamento de trombofilia: o que o plano deve ou não cobrir na gravidez

A gravidez é um dos momentos mais transformadores na vida de uma mulher. É um período que não apenas afeta a própria gestante, mas também envolve todos que a cercam. 

É uma fase caracterizada por uma série de mudanças físicas, emocionais e psicológicas, que pode ser mágica e encantadora, mas que também pode trazer muitas preocupações – especialmente em relação à saúde da mãe e do bebê.

Nessa jornada extremamente delicada, as consultas pré-natais, exames e monitoramento regular são fundamentais para garantir que ambos estejam bem. Por isso, é muito importante para a gestante e envolvidos conhecer esses direitos e se informar sobre o que está coberto pelo seu plano de saúde.

A falta de informações transparentes e facilmente disponíveis muitas vezes resulta na mulher desconhecendo todos os apoios e benefícios de assistência que ela pode obter durante esse período. 

Sabendo da importância de familiarizar-se com seus direitos para garantir uma gestação tranquila e segura, vamos analisar todas as garantias que as gestantes podem esperar de seus planos de saúde.

Cobertura de obstetrícia

Antes de mais nada é fundamental saber que não são todos os planos de saúde que oferecem cobertura para a gestação e o parto. A cobertura de obstetrícia é vendida em separado por uma questão de mercado, afinal nem todos os consumidores pretendem ou podem engravidar. 

Já para a mulher que possui esse desejo ou que pode eventualmente ficar grávida, é de suma importância contratar a cobertura de obstetrícia do seu plano, mesmo que esse evento ainda esteja longe de se realizar.

Por sua vez, existem dois tipos de cobertura que podem ser contratadas: ambulatorial e hospitalar

A ambulatorial cobre apenas consultas e exames, enquanto o plano hospitalar dá direito a internações.

Se você está planejando uma gravidez e possui dúvidas se o seu plano contratado cobre ou não a parte obstetrícia, é importante verificar desde já essa informação, afinal, os custos médicos de uma gestação podem ser bastante altos.

E se por acaso a gravidez já estiver em curso, o período de carência determinado pela Agência Nacional de Saúde (ANS) para a contratação de obstetrícia pode ser de até 300 dias (10 meses) para dar a cobertura para o parto. Ou seja, ela possivelmente não cobrirá a gestação atual. 

Porém, em situações de emergência após cumpridos 180 dias, o parto e a internação decorrente têm cobertura integral garantida. Antes de cumpridos 180 dias é garantido o atendimento de urgência, limitado até as 12 primeiras horas, sem cobertura para parto. 

Nesse caso, mesmo que não tenha a cobertura do parto devido a carência, é possível garantir coberturas importantes como consultas de pré-natal, alguns exames, cobertura do parto prematuro e internações para tratar eventuais intercorrências.

Eventualmente no cenário de urgência ou emergência, a resolução limitando o atendimento às 12h primeiras é considerada abusiva pelo judiciário e pode ser revertida. 

Lista de cobertura obrigatória mínima do plano hospitalar com obstetrícia:

  • Pré-natal;
  • Prazo máximo de atendimento para consultas de ginecologia e obstetrícia de 7 dias úteis;
  • Disponibilização de taxa de cesária individualizada por médico credenciado junto ao plano de saúde;
  • Atendimento pediátrico à gestante (a partir do 3º trimestre de gestação), no parto e pós-parto (período de 10 dias após o parto);
  • Acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto, cabendo à operadora cobrir as despesas referentes à alimentação que o prestador de serviços disponibiliza, além das taxas básicas necessárias à permanência do acompanhante;
  • Atendimento integral ao recém-nascido (sala de parto, berçário e UTI);
  • Assistência ao recém-nascido durante os primeiros 30 dias após o parto;
  • Inscrição do recém-nascido como dependente do plano, sem o cumprimento de carência, em até 30 dias do nascimento ou adoção;
  • Atendimento pré-natal e pós-parto realizado por enfermeiro obstétrico ou obstetriz habilitados, desde que seja solicitado por escrito pelo obstetra.

Exames: quais são cobertos pelo plano e quais não são? 

Considerando os planos hospitalares com obstetrícia, não costuma haver uma limitação do número de vezes que o cliente pode realizar determinado exame. 

Com exceção somente em casos de exames de maior complexidade, geralmente com rara necessidade e em situações específicas. Os mais simples de análise clínica são liberados facilmente (prazo de até três dias úteis) e outros o convênio poderá exigir um prazo um pouco maior para a liberação (até 10 dias úteis).

Apesar de não haver muitas limitações em relação à quantidade, existem as Diretrizes de Utilização (DUT), que são requisitos para delimitar alguns exames, em casos de cobertura desnecessária, como:

  • DUT 20 – Ecodopplercardiograma fetal com mapeamento de fluxo: exame para avaliar a saúde do coração fetal. Obrigatória para gestantes que tenham a partir de 18 semanas de gestação no momento da solicitação do tratamento.
  • DUT 75 – Ultrassonografia obstétrica morfológica: permite identificar malformações, doenças e outras condições adversas. Necessário ter idade gestacional entre 18 e 24 semanas no momento da solicitação de autorização do procedimento.
  • DUT 76 – Ultrassonografia obstétrica com translucência nucal/Ultrassonografia morfológica do 1º trimestre: avalia ou confirma a idade gestacional. Obrigatório para gestantes com idade gestacional entre 11 e 13 semanas e 6 dias durante a solicitação de autorização.
  • DUT 103 – Consulta com nutricionista: gestantes, puérperas e mulheres em amamentação até 6 meses após o parto podem fazer 12 consultas por ano com cobertura do convênio médico.
  • DUT 135 – Consulta com enfermeiro obstetra ou obstetriz: até 6 consultas pré-natal e 2 consultas de puerpério.
  • DUT 145 – Parto cesariano: indicação clínica materna ou fetal, desde que apresentado relatório médico especificando a condição que levou à recomendação do parto cesariano; Intercorrência da gravidez ou intraparto, informada em prontuário médico especificando a condição clínica que levou à indicação do parto cesariano; a pedido da gestante, desde que comprovada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido por parte desta, realizada a partir de 39 semanas completas ou realizada após o início do trabalho de parto devidamente registrado em prontuário e independentemente da idade gestacional nos casos citados anteriormente.

Já entre os exames que geralmente não têm cobertura garantida pelos planos de saúde, pois são considerados adicionais, não necessários na maioria das gestações, estão:

  • Sexagem fetal
  • Exame de DNA livre
  • Ultrassonografia 3D
  • Estudos genéticos complexos como o microarranjo
  • Cirurgias fetais

Em caso de negativa de cobertura a algum procedimento específico, a gestante deve contatar a operadora de seu plano de saúde e exigir, por escrito, o motivo da recusa. 

A operadora terá o prazo de até 48 horas para responder também por escrito e então a consumidora terá elementos para analisar se a recusa de cobertura foi ou não justificada. Caso seja injustificada, ela poderá reclamar na ANS ou ajuizar uma ação judicial para requerer o pagamento dessas despesas diretamente ao prestador de serviços ou requerer o ressarcimento dos valores já gastos.

Trombofilia

No caso específico da trombofilia, frequentemente os planos de saúde se recusam a fornecer a medicação para o tratamento com as principais justificativas de que o medicamento não consta no rol da ANS e que é de uso domiciliar com alto custo. 

No entanto, de acordo com o entendimento que prevalece nos nossos tribunais, eles são obrigados a fornecer a medicação durante o período que se fizer necessário, havendo expressa indicação médica. 

Já que a referida lista da ANS é meramente exemplificativa, não servindo para limitar as opções de tratamento do segurado – devendo então, os planos de saúde, disponibilizar todo o tratamento médico necessário à saúde da gestante e de seu bebê.

Parto normal

Na realidade dos planos de saúde atualmente, a maioria dos médicos obstetras não está disponível para realizar parto normal, alegando o tempo gasto comparado a uma cesariana e o valor ínfimo repassado pelos planos. 

Por inexistência de prestador credenciado que realize parto normal e atenda a taxa ideal de cesáreas de no máximo 15% (segundo OMS) é possível recorrer a duas soluções judiciais:

  • Contratar uma equipe particular e posteriormente ingressar com ação pleiteando o reembolso integral do que foi pago;
  • Ingressar com uma ação com pedido liminar para que o plano de saúde cubra os gastos com um médico obstetra que realiza partos normais.

Em ambos os casos é necessário uma ampla exposição dos fatos e provas para o convencimento do juiz, já que nenhum processo tem 100% de garantia de êxito,

Como escolher o melhor plano de saúde para gestante

O ideal é verificar a rede credenciada para saber se os médicos, clínicas e hospitais preferenciais da gestante estarão acessíveis. Também é importante, se possível, contratar a cobertura de obstetrícia com pelo menos 10 meses antes de engravidar.

Em casos de recusas ou problemas com o plano de saúde durante esse período conte com a Kobi para lutar pelos seus direitos e garantir o maior cuidado nessa fase tão especial. 

Afinal, toda mulher merece passar por esse período com a tranquilidade de que está recebendo o suporte essencial para dar as boas-vindas a um novo membro em sua família.