Eletroconvulsoterapia: um guia completo sobre o tratamento

A eletroconvulsoterapia é um tratamento que, no passado, era conhecido como terapia de choque ou eletrochoque. Por muito tempo, essa técnica foi cercada de estigmas e sua aplicação era considerada violenta, mas a evolução tecnológica aliada a novos conhecimentos tornaram-a mais humana e com bons resultados no tratamento de diversos transtornos mentais.

Neste artigo, preparamos um guia completo sobre a eletroconvulsoterapia, para que você entenda como é feita sua aplicação, quais as indicações e benefícios.

O que é a eletroconvulsoterapia?

A eletroconvulsoterapia, também conhecida pela sigla ECT, é um procedimento que provoca pequenas descargas elétricas controladas no cérebro do paciente que geram pequenas convulsões, com o objetivo de regular a produção de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, entre outros.

Essas substâncias são responsáveis pela sensação de bem-estar e de prazer, portanto, a eletroconvulsoterapia é indicada em alguns casos de distúrbios de humor como depressão e bipolaridade.

Hoje em dia, esse tipo de procedimento é feito de maneira humanizada e segura, com o paciente sedado.

Quais as indicações da eletroconvulsoterapia?

A ECT pode ser indicada principalmente para o tratamento de transtornos de humor: depressão, transtorno bipolar, principalmente os casos resistentes às medicações tradicionais.

Pacientes gestantes ou no puerpério com quadros graves de depressão também podem ser beneficiadas pela ECT, uma vez que os medicamentos antidepressivos podem aumentar o risco de complicações para a mãe e para o bebê.

Esse tipo de tratamento também pode ser recomendado em alguns casos de esquizofrenia, Parkinson, síndrome de Tourette e epilepsia.

Como o procedimento é realizado?

Atualmente, a ECT é um procedimento humanizado e seguro, no qual o paciente é acolhido e preparado, ficando sob supervisão de uma equipe médica ao longo de todo o tempo e com os sinais vitais monitorados.

A aplicação da eletroconvulsoterapia pode ser feita com o paciente internado ou de forma ambulatorial, em que ele se dirige ao local do procedimento e depois é liberado. De qualquer forma, o importante é que seja feito um jejum prévio de, pelo menos, 8 horas, pois a técnica é realizada sob anestesia.

O paciente é encaminhado, então, ao local do procedimento, onde tem seus sinais vitais monitorados continuamente até o final da eletroconvulsoterapia, e toma uma dose de medicamento que promove o relaxamento muscular, a fim de evitar espasmos e contrações involuntárias.

Os eletrodos posicionados na parte da frente da cabeça do paciente fazem uma breve estimulação elétrica, o suficiente apenas para induzir a convulsão que não é perceptível ao paciente, que está sedado, nem mesmo aos membros da equipe médica que os assistem, pois não há contração muscular.

A convulsão só pode ser notada através do monitor do encefalograma, que registra a atividade elétrica no cérebro.

Quais os benefícios da eletroconvulsoterapia?

O mecanismo de ação da ECT remonta aos anos 1930, quando havia a crença na comunidade científica de que pacientes com epilepsia que tinham convulsões não apresentavam psicoses, ou seja, transtornos mentais.

Um médico húngaro começou a desenvolver testes no qual aplicava cânfora no organismo dos pacientes, estimulando convulsões. Foi percebida uma melhora no quadro das psicoses após esses episódios.

Essa tese, no entanto, só foi melhor confirmada décadas depois, nos anos 1980 e 1990. Porém, nesse meio tempo, o tratamento de choque foi utilizado como meio de tortura em diversas partes do mundo.

Por isso, para impedir qualquer tipo de sofrimento aos pacientes durante a realização da técnica, hoje em dia, a ECT só pode ser aplicada seguindo rigorosos regulamentos. No Brasil, essas normas são ditadas pela Associação Brasileira de Psiquiatria.

O paciente sente dor ou desconforto durante a eletroconvulsoterapia?

Não, o paciente fica sedado durante a realização do procedimento e a estimulação elétrica é muito breve. Além disso, o relaxante muscular reduz ainda mais qualquer risco de contração de membros e outras partes do corpo. De uma forma geral, o paciente nem se lembra de como foi o procedimento, como quando é feita uma endoscopia.

A eletroconvulsoterapia oferece riscos?

A ECT é considerada uma técnica segura, ainda que muitas pessoas tenham receio por conta de seu histórico. Por ser um procedimento que envolve anestesia, os riscos são iguais aos de qualquer outro procedimento que necessita de sedação, ou seja, considerados muito baixos.

A eletroconvulsoterapia cura transtornos psiquiátricos?

A ECT oferece possibilidade de controle e melhoria da qualidade de vida – e não de cura – de pacientes com depressão, transtorno bipolar e demais doenças para os quais é indicado.

Em muitos pacientes em severo estado de depressão, conhecido como catatonia, a ECT pode oferecer uma melhoria considerada impressionante pelos médicos, em um curto espaço de tempo.

Isso acontece porque a estimulação elétrica ajuda a regular substâncias químicas cerebrais responsáveis pela sensação de bem-estar e prazer, ajudando a elevar a motivação do paciente. No entanto, a supervisão médica continua sendo necessária.