O lipedema é uma condição crônica ainda pouco diagnosticada no Brasil, que afeta majoritariamente mulheres e pode ser confundida com obesidade ou linfedema. Caracteriza-se pelo acúmulo anormal de gordura subcutânea, principalmente nas pernas, quadris e braços, com dor, inchaço e sensibilidade ao toque.
Por desconhecimento ou negligência, muitos pacientes passam anos sem diagnóstico correto, agravando os sintomas e comprometendo sua qualidade de vida.
Neste artigo, você vai entender o que é o lipedema, quais são os principais sinais da doença, como é feito o diagnóstico e quais são os direitos assegurados por lei para garantir o tratamento, tanto pelo SUS quanto pelos planos de saúde.
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O que é lipedema e por que é confundido com obesidade
O lipedema é uma doença crônica do tecido adiposo que provoca acúmulo de gordura de maneira simétrica e desproporcional, geralmente do quadril até os tornozelos. Apesar de afetar o peso corporal, não se trata de obesidade.
A gordura do lipedema não responde às dietas ou à atividade física da mesma forma que o excesso de gordura comum.
A condição é progressiva e, com o tempo, pode evoluir para graus mais avançados, causando dores intensas, limitação da mobilidade, dificuldades emocionais e alterações na autoestima. Em muitos casos, o diagnóstico é negligenciado por profissionais que ainda desconhecem a doença ou a associam unicamente ao estilo de vida da paciente.
Sinais e sintomas do lipedema
O lipedema apresenta características distintas que o diferenciam de outras alterações no volume corporal. Entre os sinais mais comuns estão:
- Acúmulo simétrico de gordura nas pernas e braços, poupando mãos e pés
- Dor ao toque ou pressão nas áreas afetadas
- Sensação de peso nas pernas e inchaço ao longo do dia
- Facilidade para hematomas mesmo com pequenos traumas
- Pele fria e com aspecto acolchoado
- Progressão mesmo com dieta e exercícios
Além dos sinais físicos, é comum que o lipedema afete a saúde emocional das pacientes, levando a quadros de ansiedade, depressão e isolamento social. Identificar esses sinais precocemente é essencial para buscar o tratamento adequado e evitar o agravamento da condição.
Como é feito o diagnóstico e quem procurar
O diagnóstico do lipedema é essencialmente clínico e deve ser feito por profissionais capacitados, como angiologistas, cirurgiões vasculares, dermatologistas ou endocrinologistas com experiência no tema.
O médico avaliará o histórico da paciente, os sintomas relatados e poderá realizar exames físicos para identificar o padrão de acúmulo de gordura e sinais de sensibilidade. Em alguns casos, exames complementares como ultrassonografia, bioimpedância ou ressonância magnética podem ser solicitados para excluir outras patologias e confirmar o diagnóstico.
É fundamental que a paciente busque um profissional que reconheça o lipedema como uma condição clínica séria e que tenha familiaridade com as abordagens terapêuticas mais adequadas.
Tratamentos disponíveis e como garantir o acesso
O tratamento do lipedema depende do grau da doença e da resposta da paciente às abordagens clínicas. Entre as principais opções estão:
- Drenagem linfática manual
- Uso de meias de compressão graduada
- Atividade física supervisionada
- Dieta anti-inflamatória
- Terapias medicamentosas
- Cirurgia (lipoaspiração específica para lipedema)
Em casos moderados a graves, a lipoaspiração é indicada como uma das únicas formas efetivas de controle dos sintomas e de melhora funcional e estética. O procedimento, no entanto, pode ter custo elevado, o que gera questionamentos sobre a cobertura por planos de saúde ou o fornecimento pelo SUS.
Direito à saúde: é possível conseguir tratamento pelo SUS ou plano de saúde?
Tanto o SUS quanto os planos de saúde podem ser obrigados a custear tratamentos relacionados ao lipedema, inclusive a cirurgia, quando há indicação médica e comprovação da necessidade terapêutica.
Em decisões recentes, a Justiça tem reconhecido o lipedema como doença grave, com direito a tratamento integral. Com laudo médico, exames e comprovação da falha dos tratamentos convencionais, o paciente pode pleitear judicialmente:
- A realização da cirurgia pelo SUS
- O reembolso ou custeio da cirurgia pelo plano de saúde
- A cobertura de tratamentos auxiliares, como drenagem linfática, fisioterapia e medicamentos
A negativa do plano de saúde sob justificativa de caráter estético é considerada abusiva quando há prescrição médica para finalidade funcional ou terapêutica, com base no Código de Defesa do Consumidor e na jurisprudência consolidada dos tribunais.
Quando procurar ajuda jurídica?
Se o plano de saúde se recusar a cobrir o tratamento ou o SUS negar o procedimento mesmo com laudo médico, é recomendável procurar orientação jurídica especializada.
Um advogado com experiência em Direito à Saúde pode ajuizar uma ação com pedido de liminar para garantir o acesso imediato ao tratamento indicado, especialmente em casos com progressão da doença ou dor intensa.
FAQ
A lipoaspiração para lipedema é considerada estética?
Não. Quando indicada para controle da dor, melhora da mobilidade ou da saúde emocional, a lipoaspiração é reconhecida como procedimento terapêutico.
Posso conseguir a cirurgia pelo plano de saúde?
Sim. Havendo indicação médica e documentação que comprove a necessidade do procedimento, a Justiça pode obrigar o plano a cobrir integralmente o tratamento.
O SUS realiza cirurgia para lipedema?
Embora ainda haja resistência, é possível obter o tratamento pelo SUS com recomendação médica e ação judicial, especialmente em casos graves.
Quais documentos preciso para entrar com ação judicial?
Laudo médico detalhado, exames que comprovem a doença, negativa formal do SUS ou plano de saúde, comprovantes de renda e documentos pessoais são essenciais.
Conclusão
O lipedema é uma condição séria que impacta física e emocionalmente milhares de brasileiras. O diagnóstico precoce, o tratamento adequado e o acesso aos direitos garantidos por lei fazem toda a diferença na qualidade de vida dessas pacientes.
A Kobi Advogados está à disposição para orientar e representar judicialmente pessoas que enfrentam negativas indevidas de cobertura, assegurando o tratamento necessário com base no direito à saúde. Se você suspeita de lipedema ou teve o tratamento negado, entre em contato para uma avaliação jurídica do seu caso.
Erick Kobi é advogado especializado em Direito à Saúde, com ampla atuação na defesa dos direitos de pacientes em casos de negativas de cobertura por planos de saúde e acesso a medicamentos de alto custo pelo SUS. Fundador do escritório Kobi Advogados, é reconhecido por sua atuação estratégica e humanizada em ações judiciais que garantem o fornecimento de tratamentos, cirurgias e terapias negadas indevidamente.